Festival de Brasília entrega seus prêmios

Nesta terça-feira, dia 22, acontece a noite de entrega dos Prêmios Candangos, o troféu do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, criado em homenagem aos pioneiros que construíram a capital do País, nos anos 1950, sob o governo de Juscelino Kubitschek. Quem serão os vencedores? Ora, tudo é especulação.

Depende da cabeça (coletiva) do júri. Ainda mais porque não existe um favorito disparado nesta mostra de bons concorrentes. Deve-se alertar que esta matéria foi fechada antes da apresentação dos últimos candidatos – o longa Prova de Coragem, de Roberto Gervitz, e os curtas O Corpo, de Lucas Casales, e O Sinaleiro, de Daniel Augusto.

Enfim, com os dados que se dispõe, impõe-se pela originalidade e intensidade o thriller amoroso Para Minha Amada Morta, de Aly Muritiba, com uma atuação em estado de graça, pelo minimalismo, de Fernando Alves Pinto. Ele interpreta o viúvo que se descobre traído pela mulher morta por intermédio de uma fita de vídeo. Engendra talvez uma vingança, buscando encontrar o amante (Lourinelson Vladimir, uma opção para coadjuvante). Ótimo filme, uma bela estreia na ficção de longas deste diretor baiano, radicado em Curitiba.

Big Jato é o mais poético dos trabalhos de Claudio Assis, bicampeão em Brasília com Amarelo Manga e Baixio das Bestas. Baseado no romance memorialístico de Xico Sá, conta a história de um adolescente cujo pai é limpador de fossas, dono do caminhão que dá título à obra. Matheus Nachtergaele, magnífico, interpreta dois papéis, o do pai do menino e seu tio, gêmeos de temperamentos opostos ou talvez complementares. Marcélia Cartaxo, como a mãe, é igualmente comovente. Candidata forte a melhor atriz.

Fome, de Cristiano Burlan, é o trabalho mais experimental da mostra. Numa São Paulo fotografada em preto e branco, um morador de rua deambula, empurrando seu carrinho. Quem faz o sem-teto é o grande ensaísta Jean-Claude Bernardet, turbinando sua carreira de ator. A Família Dionti, de Alan Minas, conta uma fábula interiorana, com ares de realismo mágico. Tem frescor, certa ingenuidade e traços de originalidade, fatores que cativam e o levam além do público-alvo, o infantojuvenil.

Por fim, Santoro – O Homem e Sua Música, de John Howard Szerman, único documentário em concurso. De feitio tradicional, joga luz sobre a trajetória complexa do compositor amazonense, radicado em Brasília. Santoro (1919-1989) foi músico original e versátil, operando no sistema tonal, no dodecafonismo ou na música eletroacústica. Dele, só se conhece o lado “nacionalista”, talvez sua faceta menos interessante.

Nessa disputa equilibrada e de bom nível, o júri terá trabalho para destacar os melhores, sem cometer injustiças. O júri de curtas também dispõe de bom material para se exercitar. A seleção foi boa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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