Começa hoje em Porto Alegre, no inevitável Bar Opinião (Rua José do Patrocínio, 834, tel. 51 3211-2838), um festival de blues que prospera fora do eixo Rio-São Paulo – para mostrar que a diáspora do gênero é um pouco mais ampla do que se imagina. Trata-se do Natu Blues Festival, que está em sua 4.ª edição e reúne músicos nacionais e internacionais. A mostra atinge também outras capitais sulistas, Curitiba (Espaço Callas) e Florianópolis (Espaço Fios e Formas), e vai até sábado.
Neste seu quarto ano, o Natu Blues tem direção artística do gaitista Flávio Guimarães e traz pelo menos um grande fenômeno do gênero: a guitarrista norte-americana Deborah Coleman, rara presença feminina num tradicional gueto de machos, o blues. O jornal USA Today afirma que ela é um dos “mais excitantes novos talentos” do gênero. A revista DownBeat assinalou: “Ela canta muito bem e dedilha sua Telecaster com mais inteligência musical e personalidade que muito guitarrista movido a testosterona.”
Com uma pegada forte e inflexão de rock na guitarra, Deborah é moderna, adepta do blues eletrificado e cujo repertório abarca o moderno e o tradicional, tocando coisas como “I Can’t Lose with the Stuff I Use”, de Lester Williams, e “They Raided the Joint”, de Linda Hopkins.
Nascida em Portsmouth, na Virginia, Deborah iniciou a carreira ainda adolescente, tocando em bandas de rock e R&B. Gostava de Joe Cocker, James Brown e Ray Charles, que ouvia no rádio. “Jeff Beck era um dos meus favoritos”, ela conta. Começou a chamar a atenção durante um concerto, há três anos, no Rock and Roll Hall of Fame, um Tributo a Muddy Waters. Em 2002, participou de um evento chamado Front Porch Blues, ao lado de estrelas como Charlie Musselwhite e Corey Harris.
Outra grande presença no festival é o organista Deacon Jones, que foi sideman de John Lee Hooker durante 18 anos, além do multiinstrumentista Lucky Peterson. Entre os brasileiros, Big Chico & The Shufflers, Paulo Moura, Gambona e Sérgio Duarte e Entidade Joe.
Os ingressos para Curitiba já estão à venda. O local, Callas é uma espécie de bar Longue, com vários ambientes e até pequeno para um show internacional. Por outro lado, os fãs ficam perto do palco e conseguem entrar na atmosfera contaminante do Blues.