Dois fatores fundamentais impulsionaram o mercado brasileiro de humor nos últimos anos: a popularização do formato stand up comedy, em que o comediante se apresenta de pé, sem figurino ou cenários, e o surgimento de canais no YouTube. O gênero tem espaço no cinema, na TV, na internet e em teatros – e, agora, ganha um festival dedicado exclusivamente a ele, o Comedy Central Fest.
Com a realização de sua 1.ª edição, neste sábado, 28, o festival reúne grandes nomes do gênero, como Porta dos Fundos, Cia Barbixas e A Culpa é do Cabral. São doze horas de programação, divididas em duas sessões e dois palcos. Na programação, estão humoristas do YouTube, da TV e dos palcos.
Apresentador do programa A Culpa é do Cabral, do canal Comedy Central, e vocalista da banda Pedra Letícia, Fabiano Cambota afirma que o humor é um gênero que nunca esfria. “Ele muda a sua cara, os seus contornos, mas sempre existe interesse por ele”, diz. “Nos últimos anos, as pessoas passaram a produzir seus próprios conteúdos, o meme de internet transformou todo mundo em humorista. Isso aqueceu muito o humor, trouxe ele de uma forma mais constante para a vida das pessoas.”
Mais do que isso, o humor está criando senso crítico, acredita Cambota. “Através dele, você consegue alfinetar, expor coisas que seriam difíceis de dizer de outra forma”, avalia.
A comédia também se tornou centro de debates acalorados sobre o politicamente correto – tema que rendeu até um documentário, O Riso dos Outros (2012), de Pedro Arantes. Para Cambota, a cobrança é positiva. “Há poucos anos, o politicamente correto era nosso calcanhar de Aquiles”, afirma. “Mas ele chegou para ficar, e o humorista que é bom usou o politicamente correto a seu favor, para melhorar o nível das suas piadas.”
Com tantas opções no mercado, afirma Cambota, surge uma “concorrência que vem para o bem”. “Precisamos fazer um humor melhor, ou não vamos conseguir arrancar risadas.” Ele destaca que há opções para todos os gostos: humoristas de direita e de esquerda, que falam ou não palavrões, que discutem ou não questões sociais, e até de perfis inusitados, como evangélicos. “Em um país polarizado como o nosso, a comédia também acaba sofrendo divisões”, afirma. “Mas o humor é como a música: você pode escutar mais de um gênero. Eu posso gostar ao mesmo tempo de um comediante cowboy e do Rafael Portugal, que faz um humor levíssimo.”
COMEDY CENTRAL FEST
AUDIO. AV. FRANCISCO MATARAZZO, 694. SÁB. (28), DAS 13H À 0H. R$ 70 / R$ 100. INGRESSOS DISPONÍVEIS EM HTTPS://WWW.TICKET360.COM.BR.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.