Sabino, em casa, onde preferiu
receber o tratamento.

Morreu ontem, por volta de meio-dia, o escritor Fernando Sabino, autor de Encontro Marcado. Sabino vinha lutando há dois anos com um câncer no fígado. Os filhos do escritor Fernando Sabino, Mariana e Bernardo Sabino, conversaram com os jornalistas, logo após a morte do pai. Eles disseram que o câncer foi descoberto há dois anos. Na ocasião, o escritor reuniu a família e pediu para ser tratado em casa.

Com o início do tratamento, que incluiu algumas sessões de quimioterapia, os exames mostravam a regressão da doença. Mas há dois meses descobriu-se que havia ocorrido metástase. Desde quinta-feira, segundo Bernardo, Sabino estava sedado porque vinha sentindo muitas dores. Ele será enterrado hoje, às 16h, no Cemitério São João Batista. A pedido do próprio escritor, seu túmulo terá a inscrição “nasci homem, morri menino”.

Fernando Tavares Sabino era mineiro de Belo Horizonte, onde nasceu em 12 de outubro de 1923, filho do representante comercial Domingos Sabino e de Odete Tavares Sabino. Na infância e juventude, destacou-se como escoteiro, venceu vários campeonatos de natação, locutor de programa infantil aos 12 anos e autor do primeiro conto ainda no secundário.

Sempre eclético, faz serviço militar na cavalaria do CPOR, estuda Direito e entra para o funcionalismo público em 1942 na Secretaria de Finanças, além de dar aulas de português. Em 1944, muda-se para o Rio, onde vai trabalhar na Justiça e convive com a nata intelectual do então Distrito Federal, incluindo Rubem Braga, Vinicius de Moraes, Di Cavalcanti e Manuel Bandeira.

Em 1946, forma-se em direito e se muda para os Estados Unidos para trabalhar no consulado brasileiro. De lá inicia uma longa cooperação com a imprensa brasileira, escrevendo para o Diário de Notícias e, ao longo dos anos, para o Diário Carioca, O Jornal, Jornal do Brasil e O Globo.

Seu primeiro sucesso literário foi o romance Encontro Marcado, lançado em 1956, em vários países e levado diversas vezes ao teatro. Em 1962, outro livro de sucesso, A Mulher do Vizinho e escreve o roteiro do filme O Homem Nu, com direção de Roberto Santos com Paulo José.

Em 1979, lança O Grande Mentecapto, que lhe vale o prêmio Jabuti. Lança ainda O Menino no Espelho (1982), O Gato Sou Eu (1983), Faca de Dois Gumes (1985) e é condecorado com a Ordem do Rio Branco pelo governo brasileiro. Em 1991, lança a biografia autorizada da então toda-poderosa do governo Collor, Zélia Cardoso de Mello. Na seqüência, lança em Aqui Estamos Todos Nus (1983), seguido de Com a Graça de Deus(1995), A Chave do Enigma (1999) e Amor de Capitu (2000).

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