Entrevista – Fernando Meirelles, cineasta
A história se passa num Brasil em que a maconha foi legalizada.
Muitos países já legalizaram ou toleram o consumo. A descriminalização e posterior legalização está a caminho, só entrou numa rota mais longa e obstruída, mas é como as mudanças do clima, inexorável.
Há preocupação com protestos ou boicotes?
O fato de haver gente conservadora no poder não fará desaparecer interessados no assunto. Quanto a mobilizações online e protestos, que Deus te ouça e faça acontecer. Ser relevante a esse ponto é tudo que queremos.
A série apresenta cenários possíveis sobre a legalização da maconha no Brasil. Você, pessoalmente, é a favor da legalização?
A série começa quando a lei passou no Congresso, então não discute muito os prós e contras da legalização. Eu não fumo, mas sou favorável a legalizarem. Até onde sei, o dinheiro da venda ilegal de maconha é uma espécie de base na cadeia alimentar do crime. O dinheiro pingadinho e certo é o que mantém a máquina funcionando. Cortar esse recurso ao legalizar a comercialização comprometeria outras operações criminosas.
Outro argumento é que hoje ninguém deixa de fumar por ser ilegal. Ou seja, já que legalizar não aumentará consumo, que ao menos o governo ganhe o imposto dessa enorme indústria.
Acha que o momento atual vai influenciar o cenário audiovisual no Brasil?
Até agora, não há pista do que acontecerá, então estou dando o benefício da dúvida e aguardando.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.