Fernanda Vasconcellos já não é mais a mesma jovem que desembarcou no Rio de Janeiro 10 meses atrás. As mudanças vieram tão rápidas que ela quase não teve tempo para se ajustar. Aos 21 anos, a paulistana teve de deixar a família, os amigos e a faculdade de Direito, onde cursava o quarto ano, para viver a Betina de Malhação.
"Quase desisti, mas não podia jogar fora a oportunidade. Coloquei na cabeça: ‘Vou conseguir ser essa protagonista’", relembra. A responsabilidade e as cobranças sobre a personagem a assustaram, já que é seu primeiro trabalho como atriz na tevê. Ela começou fazendo propagandas na capital paulista, mas não tinha que ser outra pessoa. "Estou procurando entender ainda uma vida que não é a minha. Tipo, eu gosto de azeitona preta, mas ela de pão de queijo", ressalta. Ela também garante estar mais tranqüila no papel e que isso a tem fortalecido para seguir em frente.
Sua personagem vive sentimentos complexos. Ela nunca se decide entre o bonzinho Bernardo e o inconseqüente Urubu, interpretados por Thiago Rodrigues e Marco Antônio Gimenez. Mas como é cheias de princípios, isso faz com que ela se aproxime de Fernanda. "De uma forma sutil, somos parecidas no poder de liderança, no falar em público, no gesticular, mas sou palhaça", compara. Porém a proximidade entre as duas pára por ai. Betina costuma ser mais prestativa que a atriz, que diz não agir da mesma forma que na ficção. Ela acha que sua personagem se expõe muito a certas situações, como no episódio do mendigo Sebastião, vivido por Francisco Carvalho, ao redor do Múltipla Escolha.
Longe dos pais
Para uma jovem sempre ligada aos pais, aceitar integrar o elenco de Malhação não só foi uma experiência profissional, mas também de vida. A atriz se viu na obrigação de pagar contas, de fazer compras, de ficar adulta rapidamente. A distância do seio familiar quase a fez entrar em depressão. "Sempre fico até altas horas com meus pais. Durmo ainda com eles", confessa. O começo foi complicado, chegando a atrapalhar no seu envolvimento com a personagem, já que nunca tinha ficado sozinha. Porém, a quebra desse laço acabou sendo positiva. Hoje, Fernanda precisa da ausência de pessoas para se concentrar, para estudar o texto. "Você tem que gostar muito do que faz. Não pode se torturar", pondera. Com tudo acontecendo tão rápido, Fernanda logo esbarrou na fama. Apesar de não ligar para o glamour da profissão, o retorno que está recebendo do público a deixa feliz, já que não imaginava ser reconhecida logo nas ruas. "É natural ficar deslumbrada", brinca.
Como Malhação tem tomado mais tempo do que imaginava, a atriz ainda não se sente preparada para ter trabalhos paralelos a Betina. "Não quero poluir o trabalho, pois ainda não tenho estrutura", reconhece. Para trabalhos futuros, Fernanda quer inovar. "Queria fazer uma pessoa bem diferente de mim: uma lésbica, uma vilã ou uma assassina", diverte-se.
