Fernanda Torres em A casa dos budas ditosos

Quando João Ubaldo Ribeiro recebeu os escritos originais de A casa dos budas ditosos para escrever um livro sobre luxúria, encomendado pela editora Objetiva para a coleção Plenos Pecados, poderia se imaginar textos polêmicos e muito sexo. O que não se imaginava é que a história seria adaptada ao teatro, e mais, com sucesso nos palcos do Brasil e Portugal. Com atuação da atriz Fernanda Torres, premiada com o Prêmio Shell em São Paulo, e direção de Domingos de Oliveira, a peça trata de sexualidade contada por uma libertina baiana de 68 anos; no decorrer do espetáculo ela relembra sua esplendorosa vida sexual ao longo da vida. Em curta temporada, A casa dos budas ditosos fica em cartaz no Teatro Guaíra de hoje até domingo.

Escrito em primeira pessoa, a baiana trata de sexo como uma necessidade humana, sem as velhas barreiras de moralidade que colocou a luxúria entre os sete pecados capitais. Fernanda Torres recebeu o convite de Domingos de Oliveira na época que estava fazendo a série Os normais. ?Logo de cara aceitei. João Ubaldo coloca a coisa do povo baiano com o sexo como ninguém faz?, afirma.

Sem nome e identificação, a baiana se autodenomina uma filósofa que nasceu sabendo do mudo e do ser humano. Como existe uma diversidade temporal nas lembranças da personagem, Domingos precisava de uma atriz de meia-idade para transitar por todas idades da baiana.

?Em matéria de sexo a Bahia tem algo de novo a dizer ao mundo, eles estão avançados nesse sentido?, opina Fernanda. Tal como o biólogo americano Alfred Kinsey fez entre os anos 40s e 50s, quando publicou o livro Sexual behavior in the human male (O comportamento sexual do homem), o discurso de João Ubaldo é uma filosofia sobre sexualidade, contudo repleto de aventuras sexuais que se fantasiam a real intenção, também servem para ilustrar a cena. ?Ela possui uma liberdade divina almejada na imaginação por todos nós e, na prática, inalcançável por qualquer um de nós?, diz Domingos. Para ele, o conjunto de homens e mulheres evocados pela baiana também trata da memória afetiva da personagem. ?Com o avançar da idade as histórias ficam mais pesadas, mas sem sentimento de culpa na exploração das possibilidades de sexo?, diz Fernanda.

Sobre Fernanda Torres no papel, João Ubaldo Ribeiro afirmou: ?Você está reunindo pessoas para ouvir o indizível, o que elas não dizem, na frente das outras. E, de repente, lá está tudo isso, na linguagem mais direta possível, pai junto com filha assistindo, todo tipo de parente, amigo e namorado?. Para não perder a qualidade do texto, diretor e atriz optaram por deixar a personagem sentada, com poucos objetos a acompanhando no palco, são eles: o livro Nossa vida sexual, de Fritz Khan, e duas estátuas em miniatura de budas fazendo sexo. Arquitetando o cenário, Daniela Thomas (diretora de cena) criou um fundo preto com uma mesa de vidro caracterizando a personagem.

A casa dos budas ditosos já foi visto por mais de 100 mil pessoas, incluindo o sucesso nos teatros municipais das cidades do Porto e Lisboa, em Portugal. ?Foi incrível. O clima daqueles teatros enormes só colaborou para a grandiosidade do espetáculo?, afirma Fernanda.

Serviço:
A casa dos budas ditosos com Fernanda Torre no grande auditório do Teatro Guaíra. Hoje e amanhã às 21h e domingo às 19h. Classificação etária: 18 anos. Mais informações pelo telefone (41)3304-7900.

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