Mais de 100 editoras independentes vão montar um verdadeiro acampamento e expor suas produções recentes na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, a partir das 10h desta sexta-feira, 6, na segunda edição da feira Miolo(s), uma parceria da Biblioteca com a editora Lote 42.

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A feira pretende reunir e dar a espaço a editoras tão distintas quanto, por exemplo, a Patuá e a Dublinense (mais afeitas a livros ‘comuns’ de literatura) até iniciativas que se debruçam sobre edições experimentais, como os “três Ps do mundo independente”: Pipoca Press, Polvilho Edições e PINGADO-PRÉS.

Um dos organizadores da Miolo(s) é João Varella, sócio da Lote 42, editora independente que tem chamado atenção com suas edições caprichadas e promoções criativas na web. Ele acredita que o mercado independente passa por um momento interessante. “Há uma retomada da cultura do zine, e mais pelo lado do design”, diz – tradicionalmente, o zine é uma publicação com temáticas divergentes das mídias tradicionais e com impressão menos profissional, muitas vezes em máquinas de fotocópias. Atualmente, soluções editoriais criativas se destacam pelos formatos experimentais de seus livros – às vezes, “quase livros” – que têm o capricho no design como atrativo fundamental.

A seleção de 112 editoras que participarão da feira, segundo Varella, é um bom panorama de casas que muitas vezes não se encaixam no padrão comercial de edição. “Existe um movimento que será estudado daqui a 50 anos”, acredita. Por questões logísticas, a maioria das editoras é do Sul e do Sudeste, mas Varella ressalta que a produção em outras regiões também é profusa – semana passada, ele visitou o festival Publique-se, no Recife, e disse ter ficado impressionado com a qualidade e quantidade de bons trabalhos por lá.

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Uma das seções da feira destacada pelo organizador é a seção de risografia, uma técnica japonesa de impressão digital que pelo baixo custo e pela versatilidade que oferece tem atraído editores independentes (a tecnologia da máquina não delimita impressões exatas, como uma off set faz, dando a ideia de que cada impressão é única).

A Miolo(s) deste ano homenageia Fabio Zimbres, “uma das poucas unanimidades” no cenário independente. Uma exposição com trabalhos do ilustrador será montada na feira.

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Outra novidade desta edição, que dobrou de tamanho em relação ao ano passado, são as oficinas de encadernação e serigrafia (com as inscrições esgotadas) e palestras sobre o mercado, estas a partir das 12h, no auditório da Mário de Andrade.

Nesta semana, seis editoras independentes levaram prêmios da Biblioteca Nacional – a Arte & Letra, de Curitiba, vencedora na categoria projeto gráfico, vai trazer seus trabalhos para a Miolo(s).

A ideia inicial da feira surgiu em 2014 quando São Paulo foi a cidade homenageada na Feira Internacional do Livro de Buenos Aires. Quem organizou a comissão brasileira foi a Biblioteca, e uma das sócias da Lote 42, Cecilia Arbolave, de origem argentina, se aproximou dos produtores da instituição. O clique veio durante o evento portenho, nas semanas seguintes as duas partes sentaram para conversar e em novembro do ano passado o projeto virou realidade, e chega com força à segunda edição. Boa oportunidade para o leitor ter contato direto com os editores de publicações.

FEIRA MIOLO(S)

Biblioteca Mário de Andrade. Rua da Consolação, 94, Consolação. (11) 3775-0002.

Sáb, 7, das 10h às 18h. Grátis.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.