Cerca de 570 pessoas são atendidas por mês nos cursos oferecidos pelo Núcleo Regional da Fundação Cultural de Curitiba em Santa Felicidade. Com exceção da turma de viola caipira, que ainda oferece vagas, os demais cursos permanentes ofertados estão lotados, mas têm fila de espera para aqueles que têm interesse. As atividades da Fundação na regional tiveram início em 1999 e a partir do ano 2000 foram implantados diversos cursos.

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A Fundação Cultural de Curitiba estabelece termos de adesão com professores da comunidade, que ministram aulas de guitarra, violão, teclado, violino, viola caipira, desenho artístico, pintura em tela, ateliê de artes e teatro infantil, uma vez por semana, de segunda a sexta-feira das 8h30 às 21h e aos sábados das 8h30 ao meio-dia. O valor da mensalidade é de R$ 42,00, com exceção das aulas de violino, que custam R$ 50,00 por serem individuais.

Bolsistas

Em todas as turmas tem aluno bolsista, indicado por outras secretarias municipais e, principalmente, pela Fundação de Ação Social (FAS). Roseleide Slompo, coordenadora da Regional de Santa Felicidade, explica que para a seleção de bolsistas são seguidos os critérios da FAS, pois geralmente o indicado está seguindo medida socioeducativa. “Muitas vezes trata-se de um jovem que vem de família desestruturada e precisa de apoio”, conta. Outros alunos são selecionados na própria comunidade com prioridade para o talento. “São crianças que a gente percebe que têm vocação, mas que não teriam condições financeiras para pagar pelas aulas. Então negociamos com os professores e conseguimos a vaga”, afirma.

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Canto Coral

 Além dos nove cursos, o núcleo de Santa Felicidade, a exemplo das demais regionais, está desenvolvendo o projeto Nosso Canto, com o professor Fernando Klemann, da Camerata Antiqua de Curitiba, que consiste na formação de um coral de 70 vozes em cada Regional, com integrantes de 13 a 80 anos. Os encontros e ensaios do coral, que são gratuitos, acontecem toda segunda-feira, das 19h às 21h, e para participar basta fazer uma audição com o professor e ter vontade de cantar, afirma Roseleide Slompo. Ela conta que a divulgação do coral começou na comunidade, no início de agosto, pelos próprios alunos da Regional. Rapidamente o grupo estava formado. Tem, inclusive, fila de espera.

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Terceira idade

 Dona Zaíra Marlene Dal Porto de Freitas, de 70 anos, professora primária aposentada que pintava panos de prato quando era mais jovem, decidiu se matricular, há dois anos, no curso de pintura em tela da professora Aidê Zorek. É assídua na Rua da Cidadania de Santa Felicidade há cinco anos e faz parte do coral da FAS. Mas pintura em tela tem sido sua grande paixão. Com orgulho, contabiliza 10 obras acabadas que já estão nas paredes da casa da filha e dos parentes de Presidente Prudente (SP). “Gosto de pintar para presentear as pessoas que amo, mas sempre digo que enquanto eu tiver parede na minha casa, vou continuar pintando”, afirma ela que sonha um dia participar de uma exposição, “mesmo que seja coletiva”. A ideia de fazer uma mostra com os trabalhos dos alunos seduz a professora, que começa a programar uma com o grupo.

Mãe e filha

Laura Gonzalez Farias, de 11 anos, e sua mãe Gizelda Gonzalez, de 50, fazem aula de teclado com a professora Maria Lucia Furukawa. Mesmo com objetivos diferentes, mãe e filha estudam juntas. A mãe conta que não tem outra pretensão a não ser o lazer, por gostar muito de música. Dona de casa, ela conta que mora em Curitiba há apenas dois anos e que sempre ouviu falar bem da cidade, principalmente dos serviços que a prefeitura oferece. “Estou gostando muito das aulas de teclado e bastante interessada em matricular meu filho nas aulas de teatro”, afirma. Laura, além das aulas de teclado, também faz aulas de violão com o professor Flibio Ferreira de Souza, toda quarta-feira. Fã do estilo musical pop rock, ela diz que pretende montar uma dupla com uma amiga. “Mas não queremos seguir carreira profissional. É apenas por diversão e por gostar muito da música”, afirma.

Maria Lúcia Furukawa, de 56 anos, a professora de teclado, está no Núcleo Regional de Santa Felicidade há 10 anos e há 15 anos dá aulas na Regional do Boa Vista. Ela, que já chegou a trabalhar 10 horas por dia, de segunda a sábado, hoje trabalha oito horas (descansa na quarta-feira), e afirma que toda sua renda vem das aulas de música. Somente na Regional Santa Felicidade são 111 alunos que ela atende toda segunda e terça-feira, das 8h30 às 19h. “Música é minha vida. Não sei se saberia fazer outra coisa além de trabalhar com música. Acho que nunca vou me aposentar de verdade”, revela.

Pelas mãos da professora Maria Lúcia já passou muita gente. Fernanda Santos Ferreira, que foi sua aluna, é hoje sua professora auxiliar em Santa Felicidade e também tem sua própria turma na Regional Matriz.  “Posso dizer que já encaminhei muitas pessoas durante esses 15 anos e a Fernanda é uma delas”, comenta Maria Lúcia.