Rodrigo Felha dirigiu um dos episódios de Cinco Vezes Favela, a nova versão do cultuado filme da eclosão do Cinema Novo, no começo dos anos 1960. Felha é um garoto de comunidade e Cacá Diegues – que assinava um dos episódios do filme antigo – lhe permitiu estrear como diretor. Ele está agora no Mix Brasil e apresenta neste domingo, 16, o documentário Favela Gay. O filme integra a seleção brasileira do evento. Em sua edição de número 22, o Mix inova e cria uma competição de médias e longas nacionais.

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O diretor de Favela Gay não gosta quando se fala nos ‘personagens’ de seu filme. Para ele, são pessoas, que ele trata com amor e respeito, sem discriminá-las por suas preferências sexuais. Mas são personagens na medida em que essas pessoas criaram personas para elas mesmas, até como forma de resistir num mundo ainda hostil à diversidade sexual. Nos anos 1980, o cineasta alemão Rosa Von Prauheim fez um filme intitulado Não É o Homossexual Que É Perverso, Mas a Situação em Que Vive justamente para refletir sobre os perigos da marginalidade.

Entre os ‘personagens’ de Rodrigo Felha está o bailarino que faz um trabalho com jovens e que se utiliza da sua condição de artista para se fazer aceitar/respeitar na comunidade. Está a transformista que frequenta a faculdade usando sua identidade feminina e que conta, com toda franqueza, que, se não fosse o apoio da família, ela provavelmente teria de se prostituir para sobreviver. De novo, Rodrigo Felha foi produzido por Cacá Diegues. Fez um filme bonito, que vale conhecer. Sua máxima – mostrar que o gay da favela não é diferente daquele do asfalto.

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