Fause Haten não fez um desfile para mostrar sua coleção na São Paulo Fashion Week Verão 2015, mas sim uma perfomance. Em um trabalho que trouxe a ‘moda in progress’, o estilista construiu os looks no palco da Faap no início da tarde desta quarta-feira, 02.
Inspirado por uma figura feminina que usa saia rodada e camisa com flores, Fause apresentou 13 looks, 7 deles com modelos que entraram no palco só de lingerie e foram sendo vestidas pelo estilista e sua equipe. Os outros seis foram pendurados por cabos de aço no fim da perfomance. “Revelo o processo criativo, o fazer de uma roupa. É uma volta às origens. Este desfile é para lembrar meu ofício. Sou um costureiro. Eu visto pessoas”, declarou o estilista.
O que se viu no palco foi a arte de um costureiro que domina bem seu ofício. Fause começou a performance moldando um vestido no corpo da modelo, em um exercício de moulage em tempo real. Enquanto isso, seus assistentes preparavam as outras modelos, que foram, pouco a pouco, ganhando saiotes de tutu, sobrepostos por saias coloridas e detalhadamente bordadas em azul, verde, rosa. Cada look, de forma muito particular o que já é marca do estilista, ganhou textura com paetês e babados.
Ao final, o vestido em moulage pink recebeu uma capa azul bordada. E a modelo, uma coroa de flores. “Há sim um quê de Frida Khalo nesta mulher. Se há algo de sagrado? Não pensei necessariamente nisso, mas a interpretação está aberta”, respondeu o estilista sobre sua inspiração para este desfile, cuja concepção foi praticamente pensada com a coleção. “Às vezes, o tema vem antes da ideia do desfile. Às vezes vem tudo junto. O que importa é a experiência de poder mostrar no que sou bom e do que entendo”, comentou Fause. O trabalho cênico criado por Fause, que encerrou a apresentação ao piano, conduziu o público que lotava o teatro da Faap pelo processo criativo de uma coleção. No fim, foi aplaudido de pé.
O estilista, que recebeu cumprimentos por seu momento “quem sabe, faz ao vivo”, conta que, apesar de há tempos ter se distanciado do formato tradicional de desfiles, não quer com suas performances fazer críticas, mas sim se expressar livremente. “Minha moda é artesanal, é como o tema diz: ‘Entregue-me seu corpo e eu te farei rainha’. Se sou bom nisso, é meu diferencial. Claro que e uso camiseta, roupas já prontas e práticas. Mas se meu DNA como estilista e costureiro vai em uma direção oposta ao fast fashion, e, por acaso, estamos na era da moda rápida, isso acaba sendo uma forma de me posicionar no mundo”, declarou ele.
“O desfile traz um sonho, um desejo. E isso depois vira um vestido, uma peça, que pode ir para a loja, pode ser feito sob medida”, acrescentou o estilista.
