Ainda que as editoras brasileiras digam que as vendas de e-books não sejam suficientes para cobrir o investimento que elas têm feito ao longo dos últimos anos na produção e conversão de livros, o crescimento do setor vai de vento em popa. De acordo com dados da pesquisa Produção e Venda do Setor Editorial, feita pela Fipe por encomenda da Câmara Brasileira do Livro e do Sindicato Nacional de Editores, e apresentada nesta terça-feira, 22, em São Paulo, o faturamento do mercado editorial com os e-books saltou de R$ 3,8 milhões em 2012 para R$ 12,7 milhões em 2013, ano base do levantamento.
Uma informação deve ser levada em consideração ao analisarmos os números. A pesquisa é uma estimativa feita a partir dos dados fornecidos por uma amostra composta por 217 editoras, que representam 72% do mercado. No caso da questão relacionada ao livro digital, que aparece apenas pelo segundo ano no questionário, nenhuma inferência foi feita. Portanto, os números estão restritos ao universo das editoras que, entre essas 217, já estão no mundo digital.
Foram produzidos 30.683 títulos digitais – 26.054 e-books e 4.629 aplicativos. Em 2012, esses números foram, respectivamente, 7.470 e 194. Em unidades vendidas, o salto também foi significativo – de 235.315 para 889.146. O segmento de obras gerais foi o que mais se beneficiou com a novidade tecnológica – ele faturou R$ 9,2 milhões no ano passado e foi seguido pelas editoras de livros científicos, técnicos e profissionais (CTP), com R$ 2,6 milhões; didáticos, com R$ 601 mil e religiosos, com 287 mil.
Já o desenvolvimento do mercado de livro impresso deixa a desejar pelo segundo ano consecutivo. As editoras registraram faturamento de R$ 5,3 bilhões em 2013, um crescimento de 7,52% em comparação com o ano anterior. No entanto, descontada a inflação do período, de 5,91%, o crescimento é de apenas 1,52%. Isso, considerando as vendas para o mercado e para o governo. Quando desconsideramos o polpudo mercado governamental, que no ano passado representou R$ 1,4 bi, o crescimento real foi nulo.
Em 2012, porém, os números foram ainda piores. O faturamento foi de R$ 4,98 bilhões, o que representava um aumento de 3,04% em relação a 2011. Ao descontar a inflação de 5,84% do período, esse ligeiro aumento virou queda de 2,64%. O vilão naquele ano foi o governo, que comprou menos livros para escolas e bibliotecas – os programas de compras são sazonais, por isso pode ocorrer essa variação ano a ano.