Para muitos o Carnaval não passa de uma festa pagã. Mas para Regina Woski, de 54 anos, a data serve para reunir toda a família. Todos os anos ela, os filhos e netos desfilam pelas ruas de Curitiba, esbanjando alegria e muita criatividade nas fantasias que são criadas por eles mesmos. Porém a tradição não nasceu com ela: é herança do avô, que na década de 50 já fabricava carros alegóricos.
Regina, como o avô, ama a festa. “O Carnaval é minha vida. Adoro pelo fato de você vestir uma fantasia e sentir que é aquele personagem. Libera-se de todos os problemas”, afirma. Ela explica ainda que o evento transmite muita cultura ao povo através do enredo das escolas de samba, além de ser um momento de lazer que pode ser aproveitado em família. Completa afirmando que existe muito preconceito com relação à festa, porque a imprensa dá muito destaque só para cenas onde mulheres aparecem nuas ou seminuas e não para o evento em si.
Este ano os Woski desfilarão na escola Embaixadores da Alegria. O carro alegórico da família também foi criado por eles e começa a ser montado nesta semana. Segundo ela, tudo vai estar pronto na sexta-feira, véspera do desfile. Mas não tem como falar de carros alegóricos sem falar do avô. Ela conta que o patriarca construía os veículos até para escolas do Rio e de Florianópolis (SC), onde morava na época. Muitos deles foram até exibidos nos carnavais curitibanos. Lembra com carinho de um deles, quando ele parava ia se abrindo e chegava até a altura de seis metros. Ela desfilou nele com seis anos de idade.
A mesma paixão que ela sente pelo Carnaval é percebido na filha e nos netos. A mais nova desta turma é Lara Wolski, 5. Ano passado. desfilou o tempo todo acompanhando o Rei Momo. Já o neto Iuran Woski, 8, acompanhou a rainha. Um dos netos mais experientes é Iury Woski Pereira, 12. Ele não sabe dizer com o que mais se encanta no carnaval. “Desfilo desde que nasci e gosto de tudo”, afirma. A mãe destes três, Stelamaris Woski Pereira, 35, atribui toda a alegria da época a Regina, que soube transmitir as tradições a eles.
Não faltou o banho à fantasia
Antônio Pioli
O tradicional banho à fantasia, que abriu oficialmente o carnaval de Paranaguá, começou por volta das 12h de anteontem e terminou somente na madrugada de ontem. Organizado pela Funtur, o evento reuniu foliões de todo Estado, concentrados ao lado do Clube de Regatas Santa Rita na Rua Benjamim Constant. Eles seguiram pelas principais ruas da cidade até chegar à Rua General Carneiro, onde encerraram o cortejo com um mergulho no Rio Itiberê, às margens da Praça de Eventos.
Como acontece todos os anos, os foliões saíram às ruas fantasiados, apresentando apelos satíricos. Neste ano, os foliões criticaram o piscinão, que por enquanto não passa de um buraco no local conhecido como aeroparque, e os buracos no asfalto nas redondezas do porto. Temas nacionais, como os grampos do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), o ACM, também foram lembrados. Pela alegria demonstrada pelos foliões no banho de mar, já dá para se ter uma idéia de como será o carnaval parnanguara este ano.
Sobra imóvel para alugar
Joyce Carvalho
A procura por imóveis para alugar no litoral paranaense para o período do Carnaval está baixa, segundo os proprietários e as imobiliárias de Guaratuba. Estima-se que 50% dos imóveis ainda estejam disponíveis. Donos de casas e pousadas estão baixando os preços para atrair aqueles turistas que decidem na última hora onde vão passar o Carnaval.
De acordo com Rose Faé, dona de um sobrado com piscina a 150 metros do mar em Guaratuba e com capacidade para 40 pessoas, nunca houve problemas em alugar o imóvel para esta data. “Normalmente nesta época a casa já estava reservada”, afirma. Faz três anos que ela aluga o imóvel e sempre conseguiu garantir o aluguel dois ou três meses antes da semana do carnaval. “Estamos muito apreensivos”, diz. Ela explica que a queda na procura iniciou em meados de janeiro.
Para Rose, o grande problema é a veiculação de notícias ruins do litoral no começo deste ano. A falta de água, as chuvas e enchentes que castigaram as praias foram temas de reportagens em jornais da capital e de todo o Estado. Segundo ela, isso afugentou os turistas. “Não foi só no litoral do Paraná que houve problemas no começo do ano. E as chuvas no Rio e em Minas? Aqui foi questão de dois dias, sem maiores conseqüências”, analisa. Ela garante que o município conseguirá recuperar a infra-estrutura para o Carnaval. “Há um preparo para receber o turista, só que ele fugiu”, avalia. Outra razão para a baixa procura por imóveis, segundo Rose, é a curta temporada e o início, cada vez mais cedo, do calendário escolar.
Rose conta que existe a pesquisa por preços, mas os interessados acham caro e estão indo para Santa Catarina. “Será que a luz, a água, a manutenção lá é mais barata?”, questiona. De acordo com Rose, há um custo muito grande para manter um imóvel como o turista quer.
Os preços por lugares no litoral paranaense já estão mais baratos. Rose, por exemplo, cobra R$ 2.500,00 por um pacote de cinco dias. O preço antigo era de R$ 3.600,00. Ela não pretende baixar mais, se um interessado quiser alugar a casa por menos. “É melhor deixar o imóvel fechado”, diz. Rose conta que muitos dão descontos e acabam somente compensando as despesas.
“Esses últimos dias podem ser decisivos”, aposta Wilmar Luís Mueller, dono de uma imobiliária em Guaratuba. Ele acredita que muitos deixam para a última hora, principalmente porque não sabem se terão folga prolongada. Segundo ele, há ainda imóveis para todos os gostos, preços e tamanhos. Mueller explica que muitos turistas ainda estão fazendo pesquisa e, com as chuvas do último fim de semana, não puderam ir até o litoral para verificar os imóveis.
Médicos dão as dicas para agüentar a folia
Guilherme Voitch
Folião que é folião começa a festa no sábado e só vai parar na quarta-feira de cinzas. Só que às vezes o corpo acaba reclamando dos excessos. “O folião é um atleta que vai desempenhar uma atividade tão desgastante quanto a prática de um esporte”, compara o ortopedista do Hospital de Clínicas e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Paulo Alencar. Segundo ele, as lesões de joelho são a segunda causa de atendimento nos hospitais e prontos-socorros durante o período de carnaval.
Para a festa oferecer menos risco, o médico faz um alerta especial às mulheres. A recomendação é para que saltos e calçados de solado alto fiquem em casa, já que são facilitadores de torções. O ortopedista também sugere a prática de alongamentos, de pescoço, costas, braços e pernas. “O ideal é que seja feito antes e também ao fim da noite. Alongamento seguido de um banho melhora a qualidade do sono da pessoa e faz com que ela acorde se sentindo melhor no outro dia”, diz Paulo.
Alimentação
A alimentação também é essencial para um carnaval mais saudável. Paulo recomenda que alimentos mais pesados, de difícil digestão sejam evitados. “Frutas e verduras são recomendados para o calor”, afirma o médico, que ressalta a importância do consumo de água. “A garrafinha de água mineral tem de ser companheira de quem está nos bailes e na rua.”
Preferencialmente a bebida alcóolica não deve ser consumida em excesso, mas para quem exagerar um pouco a receita para curar a ressaca é simples: água e repouso.
Retiros reúnem centenas de pessoas nesta época
Magaléa Mazziotti
Cresce o número de pessoas que trocam a folia do carnaval por quatro dias de paz, reflexão num cenário repleto de árvores e flores. É o que fazem os freqüentadores das casas de encontros e retiros existentes em Curitiba. A programação dos retiros inclui missas, atendimentos de confissões, procissões noturnas, dinâmicas de grupo e cantos. Quem planeja passar o Carnaval num retiro, deve reservar seu lugar o quanto antes, pois as vagas já estão praticamente preenchidas.
A Casa de Encontros e Retiros Nossa Senhora do Mossunguê, pertencente a Congregação das Irmãs Mensageiras do Amor Divino, desde 1972 organiza este tipo de evento no Carnaval. Segundo o coordenador do retiro deste ano, Claudnei Lafraia, embora haja 130 lugares, a procura sempre ultrapassa o número de vagas disponíveis. “Este ano decidimos dar prioridade às pessoas que nunca tiveram esta experiência, porque não conseguimos vencer a demanda”, conta Lafraia, ressaltando que embora haja este critério; existirá vagas para aqueles que já participaram em outros anos. “Cerca de 70% das pessoas que participam, procuram repetir a dose nos outros anos.”
É o caso da família Chaves, que há mais de dez anos (quase ininterruptos) passam o feriado fazendo retiro. A matriarca da família, Cláudia Maria de Pádua, de 45 anos, conta que tudo começou por sugestão de um casal de amigos que recomendaram a ela e seu esposo o retiro, quando eles estavam prestes a se divorciarem. “Não tínhamos o hábito de praticar a religião e por isso nosso casamento estava sucumbindo”, acredita Cláudia. “Começamos a resgatar o nosso casamento a partir do retiro, pois ele serviu para conhecermos e assumirmos todos os compromissos que estão embutidos no matrimônio.”
Na opinião de Cláudia, o que torna o retiro tão atraente a ponto da família toda (ela, o marido e mais cinco filhos) preferir este programa no feriado ao invés do Carnaval tradicional; é que eles se divertem ao mesmo tempo que aprendem. “Ao final de cada retiro sempre nos sentimos fortificados, algo que não ocorre com quem cai na folia que chega no quarto dia naturalmente cansado”, compara, garantindo nada ter contra o carnaval tradicional. “Aliás, já o freqüentamos, assim como meus filhos, todavia nos sentimos mais realizados e felizes no retiro.”
Comércio registra baixas vendas para o Carnaval
Lyrian Saiki
Os foliões ainda não entraram no ritmo do Carnaval em Curitiba. Pelo menos é o que se constata nas lojas especializadas, onde perucas, máscaras, poás, confetes e serpentinas mais parecem objetos de decoração do que produtos à venda. Apesar de um ligeiro reajuste nos preços dos adereços, os lojistas são unânimes em afirmar que não é a questão econômica que está afastando os foliões.
“O próprio Carnaval não é tão forte, tradicional, como antigamente”, aponta a gerente da loja de aviamentos Bandeirantes, Loiva Derviche. “Anos atrás, a gente vendia sacos de confetes, caixas de serpentina, com aumento de 20% ao ano. Agora, o movimento está caindo a cada ano.” Entre os adereços procurados estão as máscaras, com preço variando entre R$ 1,00 e R$ 9,50. “A do Seu Creysson é a mais procurada, mas não temos”, diz. O pacote de 100 g de confetes custa R$ 1,90, enquanto o pacote com vinte rolos de serpentina sai por R$ 4,50.
A proprietária do Armarinhos Santa Rita, Noemi Imoto, confirma as baixas vendas. “Estão piores do que no ano passado”, conta. “A maioria das pessoas está indo para São Paulo, onde há maior variedade de produtos.” De acordo com Noemi, são os aviamentos os mais vendidos, além de plumas, cujos preços variam de R$ 22,00 (nacional) e R$ 85,00 (penas importadas). A peruca, vendida por R$ 5,50, também é bastante procurada.
Entre os itens à venda na Bandeirantes Tradiocional Aviamentos estão perucas coloridas por R$ 7,00, colar havaiano com preços entre R$ 0,50 e R$ 1,00 e saias de ráfina a R$ 4,40 (infantil) e R$ 7,70 (adulto).
Fantasia
Se para o comércio de aviamentos a procura por adereços de Carnaval anda em baixa, o mesmo não vem ocorrendo nas lojas especializadas em vender ou alugar fantasias. De acordo com a funcionária do Mundo Teatral, Sandra Regina Mikosz, a procura por fantasias já começou, e a expectativa é comercializar mais do que no ano passado.
Entre as mais procuradas pelas crianças estão a de espanhola, havaiana, anjo, índio e super-heróis. O conde Drácula também é requisitado. Os preços, segundo Sandra, variam R$ 25,00 (havaiana) e R$ 50,00 (Elvis Presley).
Já as fantasias procuradas por adultos incluem odaliscas, melindrosas, havaianas, barbies. Os preços variam entre R$ 45,00 e R$ 85,00.