A Cinermark recebeu na manhã desta quinta-feira, 19, uma notificação extrajudicial dos netos de Assis Chateaubriand pedindo a suspensão da estreia do filme Chatô, o Rei do Brasil, marcada para hoje. A informação foi confirmada por Guilherme Fontes, diretor do longa, conforme apurou a coluna Direto da Fonte, da jornalista Sonia Racy.
De acordo com Fernando Morais, autor da biografia que inspira o filme, o documento alega que a obra cinematográfica acusa Chatô de ter matado o presidente da República e de ter seduzido e estuprado uma menor de idade.
Morais disse à coluna que talvez haja confusão uma vez que não há nenhuma referência no longa sobre as questões alegadas. “No filme, a única passagem em que o Chatô encomenda um atentado não é para matar. Ele manda um sujeito atirar nas genitais de um industrial”. De acordo com o escritor e jornalista, a história da castração está no livro, com provas e reprodução de notícias sobre o caso na época.
“Em relação a acusação de ele seduzir e estuprar uma menor. Não teve nenhum dos dois. Teve casamento. Quando ele tinha 42 anos, ele se casou com uma menina de 16? Teve filhos e tudo”, afirmou.
Para Morais a medida da família do personagem configura uma tentativa de censura à obra. “Essas coisas, se deixa passar um, vai embora.” Nas redes sociais, ele disse “os herdeiros de Chatô talvez não saibam, mas a ditadura acabou há trinta anos. e, com ela, felizmente, a censura.”
Os familiares de Chatô não foram localizados até o início da tarde.