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Miguel Falabella, ator e dramaturgo. |
Rio (AE) – O ator e dramaturgo Miguel Falabella não é mais gestor dos dez teatros e das seis lonas culturais da prefeitura do Rio, cargo que ocupou a partir de 2003. Ele pediu demissão na semana passada, devido à burocracia e à falta de verbas para projetos. ?O imobilismo me venceu. Não consigo ficar de braços cruzados, só para dizer que tenho um cargo?, disse ele. ?No primeiro ano, tive R$ 10 milhões. No ano seguinte, a metade, mas desde 2005, não veio nada. Este ano, fiquei sabendo que teria R$ 800. Sou talentoso, mas não mágico.?
A passagem de Falabella pela administração pública (?a primeira e a última?, garante) começou com protestos de quem temia que o autor de sucessos como A Partilha e South American Way privilegiasse o teatro comercial. Mas logo ele venceu as barreiras: entregou a administração dos teatros a diretores de vários estilos, levou os espetáculos às lonas culturais e criou o Fundo de Amparo ao Teatro (Fate), que destina R$ 2,5 milhões a espetáculos escolhidos por uma comissão. ?O Fate sobreviverá?, promete Falabella, elogiando o prefeito César Maia. ?Mas ele não entra nos cofres municipais e tira dinheiro. Lutamos contra uma burocracia que vem do Império, torna difícil realizar qualquer coisa.?
Falabella sonhava trazer os grandes musicais de volta à Praça Tiradentes para aproveitar também a grande massa de atores/cantores/bailarinos formados nas últimas décadas. Em 2003, remontou a Ópera do Malandro, de Chico Buarque, sucesso levado também a São Paulo e Portugal. No ano passado, escreveu e dirigiu Império, comédia musical sobre a família real portuguesa. A peça é sucesso até hoje, mas Falabella foi criticado por colegas por usar um teatro que geria para um projeto seu. ?Foi difícil ouvir essas críticas, pois eu não ganhei nada. Investi R$ 150 mil, sem retorno, porque queria a volta dos musicais, com orquestra ao vivo e grande elenco?, conta o ator. ?Mas é difícil manter um espetáculo em cartaz com ingresso a R$ 25, meia-entrada para a maioria e sessões a R$ 1, uma vez por mês.?