Mesmo com a força do videoclipe de Epic, na recém-inaugurada MTV Brasil, o Faith No More estava longe de ser a atração mais esperada daquela noite da segunda edição do Rock in Rio, encerrada pelo Guns N’ Roses, na época, a banda mais estrelada do mundo.
Ninguém parecia preparado para o que seria visto naquele set de uma hora. Devastador, para dizer o mínimo. Aquele Axl Rose, ainda em forma, é bom lembrar, foi ofuscado por um outro bonitão do hard rock, Mike Patton. Começava ali, naquele 20 de janeiro de 1991, no palco montado no estádio do Maracanã, uma relação intensa entre o público brasileiro e o Faith No More. Foram 15 capítulos de história desde então. Dois a mais serão acrescentados em setembro deste ano, quando a banda volta a São Paulo, com show marcado para o Espaço das Américas, no dia 24, e ao Rock in Rio, no dia seguinte, dividindo o palco principal com Slipknot, Mastodon e De La Tierra – cidades pelas quais o grupo não passa desde 2009.
“Aquela apresentação no Rock in Rio de 1991 foi realmente importante para a gente”, diz Mike Bordin, baterista do grupo. “Éramos jovens quando subimos naquele palco. Não sabíamos o que esperar. E, sendo quem éramos e ainda somos, demos tudo o que podemos.”
O set no festival tinha apenas uma hora de duração e contou com dez canções, como The Real Thing, Epic, um cover de War Pigs, do Black Sabbath, e foi encerrado com o hit Easy, também uma versão, desta vez da canção do The Commodores, mas uma das canções mais radiofônicas lançadas pelo grupo. “Nós explodimos, fisicamente falando”, relembra o baterista. “Colocamos uma energia intensa ali sobre o palco e as pessoas reagiram a aquilo. Isso, cara, isso não se esquece.”
O festival carioca comemora 30 anos de existência em 2015. Diferentemente daquela segunda edição, montada no estádio carioca e lembrada pelo odor de urina que havia por todos os lados, o Rock in Rio se tornou global e colossal. Realizou edições em Madri, Lisboa e debutou nos Estados Unidos, em Las Vegas, no último fim de semana.
Fora do festival, em 1991, era possível encontrar os integrantes da banda pelas praias do Rio, assim como nas boates. Patton concedeu um punhado de entrevistas e destilou suas impressões sobre o mundo em uma visão ainda jovem e raivosa. Bordin garante que os elogios ao País não são parte da cartilha de respostas prontas sobre o País e seu público. “O Brasil significa muito para nós. Ajudou a entender quem nós éramos. Em essa coisa meio punk rock, uma energia física”, diz ele. “Nos sentimos bastante confortáveis aí.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.