Com 35 anos de carreira e 25 de sucesso em Portugal, a cantora paraense Fafá de Belém, de 53 anos, relança seu disco “Meu Fado” (pela Sony Music), que aqui no Brasil estava fora de catálogo havia quase dez anos. Originalmente pensado para o mercado daquele país, o projeto soou, no mínimo, ousado. Afinal, era uma brasileira cantando um estilo tradicional e imaculado para o povo português.
“Esse disco foi ideia do produtor Mário Martins, como uma forma de trazer novo frescor ao fado e atrair público mais jovem”, lembra Fafá. Era 1990. Na época, foi realizada uma pesquisa, na qual os eleitores portugueses indicariam o intérprete que gostariam de ouvir cantando fados. “Tive o melhor índice de aprovação”, diz. Definido seu nome, iniciou-se o acerto de repertório entre ela e Martins. “Depois de um ano, fui para Portugal gravar o disco em quatro dias”. Com a voz carregada de emoção, digna de uma fadista, Fafá vem acompanhada pelo guitarrista António Chaínho, também responsável pelos arranjos de todas as músicas.
O álbum abre com “Canção Grata”, inspirada num poema da portuguesa Florbela Espanca, segue para os clássicos “Canoa do Tejo” e “Nem às Paredes Confesso”, e passa por “Memórias”, sucesso tirado de seu disco “Atrevida” (1986), que neste trabalho ganhou roupagem de fado.
Lançado com sucesso em Portugal, em 1992, pela BMG de lá, “Meu Fado” chegou ao Brasil com reservas, pela Som Livre. Para surpresa geral, atingiu a marca de 500 mil cópias vendidas. No entanto, um ano e meio depois, segundo a cantora, não estava mais disponível para o público brasileiro.