A partir da próxima terça-feira (11), a Galeria da Caixa estará abrigando a exposição “Circo Fellini”, organizada pelo diretor teatral e dramaturgo Antonio Cava. “Circo-cinema” era como o cineasta italiano, Federico Fellini, costumava chamar carinhosamente o universo cinematográfico. E é este universo, o tema da mostra “Circo Fellini”: uma homenagem ao “maestro”.

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Na mostra estarão expostas reproduções de desenhos do diretor italiano pertencentes à Fundação Fellini de Rimini, na Itália; reproduções de fotografias de Tazio Secchiarolli, que mostram os bastidores das filmagens do filme “8 ½”; fotografias originais do acervo do Istituto Italiano di Cultura, do Rio de Janeiro, com imagens de atores, diretores, amigos e colaboradores de Fellini, divulgadas pela imprensa italiana e recebidas pela instituição ao longo de 50 anos; além de cartazes dos filmes do cineasta. 

A exposição terá ainda marionetes dos personagens dos filmes de Fellini, criadas pelo artista Bernardo Rhormann, da cidade de Tiradentes em Minas Gerais, compondo a cenografia. Também será exibido um vídeo com 20 minutos de duração, com trechos de todos os filmes de Fellini e de todas as trilhas sonoras, editado por Samir Abujamra.

Fellini e o circo

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É conhecida a história de que Fellini, aos nove anos, fugiu com um circo e que o pai o encontrou três dias depois em uma cidade vizinha. Verdade ou mentira, o fato é que o universo circense foi a primeira referência artística de Fellini e uma constância em sua obra. Ele dizia que “o cinema possui a mesma força e coragem do circo, numa mistura de técnica, precisão e improvisação”. Fellini conseguiu equilibrar esses elementos e mais: tradição, modernidade, sonho, realidade, crítica e popularidade. No “circo-cinema”, Fellini foi o palhaço, o mágico, o domador e principalmente equilibrista.

Fellini era um ótimo escritor, apesar de não atribuir muito valor à autenticidade ou à cronologia da documentação escrita. O curador da mostra, Antonio Cava, conta que procurou seguir as pegadas deixadas pelo cineasta “aqui e ali, onde ficam destacados, seus filmes e sua maneira de filmar, onde Fellini é único e se revela por completo”. Os textos que acompanham os desenhos, fotografias, cartazes e livros que compõe a mostra, foram escolhidos entre as inúmeras declarações, entrevistas e biografias do homenageado, com o objetivo de revelar o seu lado mais espontâneo.

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A biografia felliniana

Fellini nasceu em 20 de janeiro de 1920, na pequena cidade litorânea de Rimini. Filho de Ida Barbiani, dona de casa, e Urbano Fellini, comerciante. Teve dois irmãos: Ricardo e Maddalena. Foi um menino tranqüilo, que amava desenhar e brincar com teatro de marionetes que ele mesmo confeccionava. Tinha uma grande atração pelo circo e as histórias em quadrinhos americanos, referências visuais recorrentes em seus futuros trabalhos. 

Fascinado pelos jornalistas retratados na época de ouro do cinema de Hollywood, o rapaz tenta a carreira como caricaturista, despertando interesse dos editores do jornal satírico “420”, em Florença, e do “Marc’Aurélio”, em Roma. Um de seus textos, compondo a série “Cico e Pallina” (Chico e Bolinha), torna-se uma rádio-novela. A então estudante de interpretação Giulietta Masina empresta a voz para Pallina. Giulietta e Fellini se casariam em 1943.

De 1939 a 1950 trabalha em uma série de produções cinematográficas, como roteirista e assistente de direção. Destacando a amizade com os atores Ruggero Maccari, Aldo Fabrizi e Alberto Sordi. Fellini trabalhou ao lado de grandes diretores italianos como: Pietro Germi, Luigi Comencini, Mario Bonnard e Alberto Lattuada. Mas a primeira oportunidade importante no cinema viria em 1946, pelas mãos do cineasta Roberto Rossellini. Fellini participa da elaboração dos roteiros de “Roma, Cidade Aberta” e “Paisá”, obras fundamentais do neo-realismo italiano. Os roteiros de ambas as produções são indicados ao Oscar.

Em 1950, dirige ao lado do amigo Alberto Lattuada o seu primeiro longa-metragem: “Mulheres e luzes”, que contava com sua esposa – Giulietta Masina no elenco. Comanda seu primeiro filme dois anos depois – “O Abismo de um Sonho”. No ano seguinte, consegue visibilidade internacional com “Os Boas Vidas”, que conquista o Leão de Prata em Veneza e uma indicação ao Oscar. Desde os primeiros filmes o diretor trabalha com um corpo técnico de sua confiança, incluindo o músico Nino Rota na trilha sonora.

Na seqüência vêm, “A Estrada da Vida” com Antony Quinn e Giulietta Masina, obra que recebe o Oscar de melhor filme estrangeiro; “A trapaça”; “As Noites de Cabíria”, premiado, com Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor atriz, para Giulietta Masina; “A Doce Vida”, “8 ½”, filme que venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro e conferiu a segunda indicação ao Oscar de melhor Diretor a Fellini; “Casanova”; “Satyricon”; “Amarcord”, que faturou mais um Oscar de melhor filme estrangeiro; “E La Nave Va”; e a produção autobiográfica “Entrevista”.

Serviço

Exposição: “Circo-Fellini”

Local: Galeria da Caixa

Data: Abertura 11/11/2008, 19h30. A exposição permanecerá aberta até o dia 21/12/2008

Horários de visitação: De terça a quinta das 10 às 19h e de sexta a domingo às 10 às 21 h 

Endereço: Rua Conselheiro Laurindo, 280 – Edifício Sede II

Ingresso: Entrada franca

Classificação etária: livre