Quarenta dias de andanças por toda Angola, do fotojornalista Leandro Taques e do jornalista Julio César Lima, resultaram no livro ?O Retrato da Paz ? Angola – África?. O livro será lançado, em Ponta Grossa, junto com a exposição de fotos, na próxima quarta-feira (11), às 19h, na Galeria de Artes da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais – Proex ? da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Praça Marechal Floriano Peixoto, 129 ? Centro).
A iniciativa da publicação e da exposição, em Ponta Grossa, foi da Divisão de Assuntos Culturais (DAC) do Proex, com patrocínio da Petrobras e apoio cultural da Femsa Cerveja Brasil e Deguste. Os trabalhos mostram as conseqüências dos quase 30 anos de guerra civil e do recente período de paz em Angola, segundo destaca a professora Marialva Ribas Kincheski, coordenadora de exposições da DAC.
A mostra, que já passou por Curitiba, e o livro ?O Retrato da Paz? chegam à cidade, apresentando a essência do trabalho da dupla de jornalistas, que percorreu 6,5 mil quilômetros por vias terrestres em 11 províncias angolanas, entre novembro e dezembro de 2006, em busca de personagens de diversos segmentos da sociedade que contribuíssem com relatos sobre o período de guerra e de pós-guerra naquele país da África. Com 160 páginas, o livro apresenta 112 fotos e histórias do povo de Angola, através da compilação de cinco mil fotografias e 18 horas de gravações audiovisuais, realizadas com mais de 50 personagens.
A proposta do trabalho, de acordo com Julio César e Leandro Taques, concentrava-se em extrair da população angolana suas impressões a respeito da reestruturação social e econômica do país, depois de encerrada a guerra entre as facções, que foi centralizada entre o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita). ?Não tínhamos a intenção de tomar partido de nenhum dos lados e nem de recontar a história. Por isso, a principal experiência foi a troca de impressões com as pessoas que sobreviveram à guerra. Foi importante darmos voz a elas para que pudessem opinar sobre o futuro da nação?, relata Julio César.
Em ?O Retrato da Paz?, na versão livro, encontram-se fotos e depoimentos marcantes de uma sociedade que tenta se estruturar fisicamente com investimentos externos, ao mesmo tempo em que se vê uma legião de excluídos, geralmente órfãos da guerra. Nesse aspecto, há de se destacar casos como o de Francisco Manuel, 53 anos, que nasceu na província de Huambo e lutou, entre 1977 e 1985, pelo MPLA, vencedor do conflito e ainda hoje no poder. Sem uma perna – que ele perdeu, quando pisou em uma mina -, Francisco vive pelas ruas, pedindo ajuda. ?Depois do acidente, me deram US$ 120 e me mandaram embora. Hoje, sem uma perna, não tenho emprego e nem condições de sustentar meus dois filhos?, lamenta.
De acordo com o fotojornalista Leandro Taques, o livro também traz depoimentos de pessoas que perderam parentes na guerra, investidores nacionais e estrangeiros, artistas plásticos, músicos, escritores, trabalhadores rurais e pessoas envolvidas com projetos sociais. ?Além disso, há também texto e fotos sobre os campos minados, um dos piores legados da guerra?, conta. Na Galeria de Artes da Proex, a exposição fotográfica ?O Retrato da Paz? permanecerá aberta, de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h30, até o dia 30.
Autores
Leandro Taques se formou em Jornalismo pela Universidade Tuiuti do Paraná e realizou pós-graduação em Fotografia, pelas Faculdades Integradas Curitiba e pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro. Hoje, ele atua como editor gráfico e fotógrafo, mas começou a trabalhar como diagramador na Folha de Londrina, em 1995. Em 1998, Leandro iniciou sua carreira como fotógrafo, também na Folha de Londrina, onde ficou até 2001. De lá para cá, ele vem se dedicando a projetos pessoais e a trabalhos free-lance.
Julio César Lima obteve sua graduação como jornalista pela Universidade de Mogi das Cruzes (SP). Desde então, ele trabalhou em veículos de comunicação do Paraná e de Santa Catarina, entre eles a Folha de Londrina, Jornal do Estado e A Notícia (SC). Lima também já fez trabalhos como assessor de comunicação nas áreas de esportes, economia e política. Atualmente, faz trabalhos free-lance.