Exposição revela trajetória de Pedro Martinelli

A imagem do jovem guerreiro Panará à beira do rio, arco e flechas na mão, olho no olho do espectador, saiu na capa de O Globo há 40 anos e permanece até hoje no imaginário da sociedade brasileira. Era a primeira imagem do contato por terra com a tribo dos índios gigantes.

Do lado de cá da lente, o jovem fotógrafo Pedro Martinelli, 20 anos de idade, que foi destacado pelo jornal para acompanhar os irmãos Cláudio e Orlando Villas-Boas na expedição de contato com os Panará na selva amazônica. Foram três anos de viagem pela mata, construindo acampamentos e abrindo picadas, até chegarem à tribo.

Os Panará tornaram-se famosos no início dos anos 70. Notícias davam conta de que eram muito bravos e tinham uma estatura gigantesca. Moravam justamente na área de construção da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém. Essas e outras histórias enriqueceram a noite de abertura da exposição de Pedro Martinelli em Curitiba.

Navegar no mar de imagens na galeria é se permitir sonhar uma Amazônia simples, de mato, cotidiano, gente cabocla. Todas as fotos fruto de um amor que já dura quatro décadas.

A Amazônia de Pedro. Algumas dos tempos como fotojornalista de O Globo e Veja, e outras dos projetos autorais Amazônia o povo das águas e Mato x Gente. Cabelos e barba compridos, gestos largos tipicamente italianos, Pedro Martinelli é um peso pesado do fotojornalismo brasileiro.

Foram 10 anos em O Globo e outros 17 no Grupo Abril. Fez de tudo. Copa, olimpíada, guerra e até a morte do Papa. Testemunhou tudo, mas não esquecia da Amazônia que experimentara.

Assim decidiu tomar rumo, assumindo projetos pessoais que chegaram ao público nos livros Panará, a volta dos índios gigantes (1998), Amazônia o povo das águas (2000), Mulheres da Amazônia (2004) e Mato x Gente, 2008. Para realizá-los, Pedro tomou uma decisão. Largou mão do confortável cargo de chefia do estúdio da Abril.

“Pedi demissão no dia em que comprei o barco”, lembra Pedro, referindo-se à sua casa flutuante onde vive quando está na Amazônia. “E não foi fácil. Foram três anos negociando com o dono do barco até ele decidir vender”. Largar a vida corporativa exigiu disciplina e criatividade. Hoje Pedro é sua própria empresa.

Trabalha incessantemente ministrando cursos, desenvolvendo projetos para clientes e, claro, fotografando. “Eu fotografo mesmo sem a máquina. Tiro a chapa aqui”, diz apontando para a cabeça. Também administra seu site e mantém um blog fotográfico sempre atualizado. Tudo isso num padrão de excelência e qualidade.

“Teve uma vez que liguei pro Tião. Aí pergunto. “Tião, quantas fotos boas você fez esse ano?’ Tião lá do outro lado do telefone fica quieto, pensa e depois diz. “Uma meia dúzia Pedrão’. “Pô, Tião, que beleza! Eu só fiz quatro boas esse ano. O resto é só foto honesta’”. A conversa era entre Martinelli e Sebastião Salgado. Ambos grandes fotógrafos, dois artistas extremamente críticos.

A exposição A Amazônia de Pedro Martinelli fica aberta à visitação de segunda a sexta-feira, na Galeria Portfólio, em Curitiba. Muitas fotos são provas de autor, peças únicas reveladas por ele mesmo.

Serviço

A Amazônia de Pedro Martinelli. De segunda a sexta-feira, das 14h às 18h, na Galeria Portfólio (Rua Alberto Foloni, 643 – Centro Cívico), em Curitiba. Aos interessados em adquirir obras do artista, as imagens estarão disponíveis para compra. Entrada franca.

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