Para os organizadores da mostra – que oferece a grande novidade de dar possibilidade aos deficientes visuais experimentarem sensorialmente as obras ? o objetivo é dar autonomia ao visitante para construir sua própria relação com as obras. ?Este é um diferencial que está atraindo o público de todas as idades e atingindo o nosso objetivo principal, que é o de expor o acervo do Banco do leigo ao conhecedor de arte? explica um dos curadores, Franz Manata.
A exposição ?Arte Moderna em Contexto?, com 73 obras da Coleção ABN AMRO Real, apresenta pinturas, gravuras e esculturas de artistas consagrados como Alfredo Volpi, Arcângelo Ianelli, Burle Max, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Manabu Mabe, Milton Dacosta, Tomie Ohtake e outros. A mostra reúne também objetos de uso cotidiano que evocam o universo criativo e comportamental em que as obras foram produzidas.
Logo após a abertura a paulista Vera Barros esteve em Curitiba para treinamento dos monitores do Museu. A equipe foi preparada para atuar como auxiliar para que os visitantes possam compreender a idéia da exposição. A mostra busca detalhes para envolver o visitante, da escolha da trilha sonora até a escolha de artefatos da época em que a obra foi feita.
Deficientes Visuais – Um dos fatos inédito na exposição são os módulos especialmente elaborados para deficientes visuais. ?Mais do que reproduzir a obra, o projeto dá toda dignidade para o deficiente visual poder ir até a exposição e ver através do tato?, afirma Vera. ?Existem museus e exposições que já trabalham com deficientes visuais e reproduções de obras de arte?, reconhece, e destaca para fato de esta exposição, em especial, se diferencia porque os módulos para deficientes estão ao lado da obra original. ?A maioria dos Museus realiza este trabalho fora da exposição?, reafirma.
Os módulos são informalmente chamados de ?Totens? pelos curadores e a educadora. Existem seis ?Totens?, um para cada núcleo da exposição. Cada módulo possui uma réplica, em resina, da obra de arte exposta ao lado para ser tocada pelo deficiente visual, com uma legenda em Braille. Esta técnica foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Para as crianças os ?Totens? têm um adaptador especial, um encaixe mais alto para que ela manuseie bem o material.
A exposição também foi realizada em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na capital paulista teve uma peculiaridade, o ABN AMRO Real está localizado na avenida Paulista, onde muitos deficientes visuais foram independentemente de instituições culturais ou Organizações Não Governamentais (Ongs). Alguns com cães, outros sozinhos.
Em Curitiba – No Museu Oscar Niemeyer as escolas agendam visitas por intermédio do setor educativo da instituição. Isso é praxe. No entanto, a mostra de arte moderna confeccionou um caderno educativo e está distribuindo gratuitamente para professores e um exemplar para a biblioteca da escola. Os informativos possuem um texto inter-recortado, com pensamentos, fatos históricos, poemas, músicas, sites relacionados. ?Não se trata mais do monitor explicando cada obra. A idéia é passar para os alunos, os visitantes, obras do mesmo artista, a cara do artista, fatos históricos, frases com textos que permita a investigação dentro da exposição?, explica Vera.
A arte educadora acrescentou ainda que a arte na escola ajudaria os alunos a relacionar os diversos campos do conhecimento. ?Ficaria muito mais prazeroso conhecer porque você inter-relacionaria tudo. Em geral a maioria dos professores é micro-especialista, mas macro-ignorante. Essa visão mais global do conhecimento é uma tendência?.
?Arte Moderna em Contexto? pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 18h. Os ingressos custam R$ 4,00 para adultos e R$ 2,00 para estudantes identificados. Crianças de até 12 anos, maiores de 60 e grupos de estudantes de escolas públicas, do ensino médio e fundamental, agendados não pagam.
