Exposição no Rio reúne obras do goiano Siron Franco

Em 2001, o casamento de seu filho com uma venezuelana levou o artista plástico goiano Siron Franco a Caracas. Assim que ele pousou, entrou num pesadelo: o táxi que deveria levá-lo do aeroporto era dirigido por um bandido, que o manteve refém por três horas. O homem achou que se tratava de um milionário em visita ao país. O incidente traumatizou Franco de tal forma que deixou ecos em sua produção mais recente, como se comprova na exposição “Segredos”, em cartaz na Caixa Cultural do Rio desde a última terça-feira, até 11 de julho.

O “Primeiro Segredo” é uma tela pintada com carvão e aplicações de 17 CDs. A imagem remete ao cartão magnético que Franco usava como chave do hotel em que ficou na Venezuela, todo perfurado. Exposta em sua última mostra no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio, há três anos, a obra indicou o caminho para outros segredos. A partir dela, surgiu uma série de 15 telas, diante das quais se tem a impressão de que há algo encoberto, escondido, secreto.

As telas trazidas ao Rio foram preparadas nos últimos três anos. Desde o fim de 2009, ele se dedicou a elas mais intensamente. Franco começou a preparar vários quadros de uma vez. Depois de um período inicial de secagem, as telas foram viradas para a parede, para que as cores não se misturassem aos olhos do artista, embaralhando sua visão. Franco então voltava a cada uma delas – em alguns casos, a pincelada inicial ainda pode ser vista; noutros, está encoberta por camadas e camadas de tinta a óleo.

Boa parte dessa produção foi descartada. Franco sabia o que não queria, mas não conseguia chegar à essência do que buscava dizer. Chegou a pensar em cancelar a data já acertada com a Caixa Cultural. “Sempre penso que meu compromisso maior é comigo. Eu não posso chegar aqui mentindo”, justifica o artista, que, passado o bloqueio, alcançou não só com os óleos, mas também com esculturas aquilo que desejava.

A mostra “Segredos” chega à Caixa Cultural de São Paulo em setembro; em outubro, será aberta em Brasília. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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