Numa época em que estar bem vestido no Brasil significava copiar e seguir à risca as tendências ditadas pelas grifes da Europa, o estilista paraense Dener Pamplona de Abreu resolveu ousar. Pensadas para se adequar ao estilo de vida e à personalidade vibrante das brasileiras, as criações de Dener causaram alvoroço nas décadas de 1960 e 1970 e o transformaram num dos maiores ícones da moda brasileira.

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Pouco mais de três décadas depois de sua morte – aos 41 anos, vítima de cirrose hepática -, algumas das criações de Dener que foram marco na moda brasileira podem ser vistas a partir de hoje, em 23 croquis originais do estilista, em exposição no Museu de Belas Artes (MuBA). Os desenhos, produzidos em papéis tamanho A3 e A4, foram doados para o museu em 2009, por Maria Leopoldina Splendore, filha do estilista com a manequim Maria Stela Splendore, com quem ele foi casado por quatro anos. Alguns dos raros desenhos apresentam alfinetes afixados, com sugestões detecidos para serem usados nas criações.

“São croquis de valor inestimável, que a filha dele quis doar para alguma instituição que fizesse bom uso deles”, explica Dora Costa, professora de moda do Centro Universitário de Belas Artes. “Até então, eles estavam guardados e nunca tinham sido vistos”, diz.

Com estilo clássico e bases simples, os vestidos de Dener eram feitos para as clientes, de acordo com seu tipo físico, idade, e sempre adequados ao clima tropical do País. O estilista costumava dizer que deixava os bordados, luxos e a dramaticidade para os modelos de festa e vestidos de noiva. Seu talento conquistou as celebridades da época, e no currículo dele constam trabalhos como o figurino da primeira dama Maria Teresa Goulart – mulher de João Goulart, presidente do Brasil entre 1961 e 1964 – e o vestido de debutante de Danuza Leão, em 1953.

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Precursor da alta costura brasileira, Dener Pamplona chamou atenção até mesmo das grifes internacionais, e chegou a receber um convite da maison Christian Dior para assumir a criação da marca. O estilista brasileiro, no entanto, recusou. Mesmo tendo deixado um legado de elegância, feminilidade e personalidade para a moda brasileira, Dener ainda é pouco conhecido do grande público. “O brasileiro ainda tem memória curtíssima e continua sendo relapso com seus criadores. Infelizmente, ele é muito pouco falado”, diz a professora Dora Costa. Ela espera que a exposição ajude a mudar essa realidade. “Graças a Dener, as mulheres brasileiras aprenderam a escolher a roupa adequada para uma ocasião importante”, finaliza. As informações são do Jornal da Tarde.

Exposição de croquis do estilista Dener – Museu de Belas Artes (MuBA). R. Dr. Álvaro Alvim, 90, Vila Mariana. Tel. (011) 5576-7300. Seg. a sex. das 10h às 20h. Sáb. e dom., das 10h às 16h. Até dia 29/10. Grátis. Livre.

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