Na década de 1970, o espanhol Alfredo Melgar Alexandre, conde de Villamonte, teve a oportunidade de ter contato próximo com o artista catalão Joan Miró (1893-1983), o mais surrealista dos surrealistas, definiu o poeta André Breton. “Era um grande experimentador, um homem livre”, diz Melgar, enquanto chama a atenção para o detalhe de dois desenhos sobre cortiça feitos em 1971 pelo pintor, escultor, gravador e ceramista. Esses trabalhos, “raros” porque somente existem dois outros deles no mundo, integram a exposição A Magia de Miró, a ser inaugurada neste sábado, 22, às 11 h, na Caixa Cultural, na Praça da Sé.

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Os traços leves do artista catalão – geralmente, em preto, habitando composições com cores primárias (vermelho, azul e amarelo) – se fazem presentes nos 69 desenhos e gravuras da mostra, que depois de São Paulo seguirá para Curitiba, Rio, Recife e Salvador. Além de usar a cortiça como suporte, é possível ver que Miró não se prendia ao papel para desenhar; fez uso de lixa e papelão, por exemplo. Nas gravuras da exposição, muitas delas, provas de artista, é o exercício colorido do catalão que se destaca.

O conjunto de obras pertence ao espanhol Alfredo Melgar, que assina a curadoria de A Magia de Miró. O conde, também fotógrafo, galerista e editor em Madri, conta que coleciona arte desde os anos 1970, destacando, em seu acervo, peças dos escultores Alexander Calder e Eduardo Chilida. “Fotografei para artistas e muitas vezes recebi deles suas obras em troca de meus serviços.” Em um texto, Melgar, que fará uma palestra neste sábado, 22, às 16h30, na Caixa Cultural, conta como foi a primeira aproximação que teve com Miró – o catalão o convidou a visitar seu estúdio em Palma de Mallorca quando soube que ele era “um excelente fotógrafo”. “Eu tinha menos de 30 anos, minha obra fotográfica era escassa e não estava, desde logo, à altura das palavras de Miró.”

Dessa maneira, a exposição dedica sala especial a uma seleção de 23 retratos em preto e branco, que Alfredo Melgar fez do artista catalão durante visitas a seu ateliê. “Realizei algumas dessas fotografias poucos dias antes de sua morte”, conta. Em uma delas, por exemplo, Joan Miró, já velho, segura uma escultura de metal, seu retrato criado de maneira divertida pelo norte-americano Calder, o autor dos móbiles – a peça é destacada, ainda, em outras imagens da mostra. Para Alfredo Melgar, que também era fã de “Sandy” Calder, Miró foi o “primeiro grande pintor do século 21, mesmo que tenha nascido no século 20”.

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Documentário Sobre o Pintor

Como parte da abertura de “A Magia de Miró”, será realizada neste sábado, 22, partir das 17h30, na Praça da Sé (em frente da Caixa Cultural), a projeção do documentário “Miró @ Tate Modern”, de Martin Hampton. Um telão vai ser montado no local para exibição da obra, cedida pelo museu britânico. Trata-se, na verdade, do evento Slow Art Intervention, criado por Tatiana Weberman e Chiara Battistoni. A atividade se completa com apresentação de música do Duo Oud e com a instalação de um Food Truck. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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