Assim como o gaúcho Iberê Camargo (1914 – 1994) expressou as angústias e as vicissitudes da vida através das cores enegrecidas e fortes, a mineira, “naturalizada” curitibana Bernadete Amorim coloca os sentidos e os movimentos do cotidiano na volumétrica, na densidade e na textura de seu novo projeto: “Moventes”.
Através da estofaria, a artista plástica aguça a visão e o tato, permitindo ao expectador criar, mentalmente, novas composições para cada peça. Utilizando materiais sintéticos, camurça e madeira, Bernadete cria obras que permitem a quem as vê recriar o corpo, seja por uma outra verticalidade ou horizontalidade, ou por uma gravidade impossível de pesos, além de, por meio do toque, descobrir sensações. “O revestimento da superfície se dá com uma seleção de texturas e cores que proporcionam um rebaixamento visual mais direcionado ao tato”, diz, a também artista, Eliane Prolik no texto do catálogo da exposição.
Tal qual o dia a dia, “Moventes”, que será aberta à visitação nesta terça-feira (05) no Solar do Barão às 19h, nos colocam frente a nossas faltas, vazios, solidão, incompletudes de nossas vidas, por isto as vezes nos prendemos tanto aos objetos colocando lado a lado a beleza das cores vivas e vibrantes às densidades das superfícies das obras, todas elas sem título, afinal, cabe ao público dar-lhe sentidos. “O encontro mais interessante deste trabalho é o descompasso com o uso. Enquanto a estofaria cria coisas para o nosso conforto e uso. Estes objetos desconsertam o corpo, seja pelo empilhamento de partes, pela falta de pedaços ou pelo excesso de superfícies”, afirmou Bernadete.
Entre o caráter artístico e o mobiliário, estes objetos abrem ao expectador a possibilidade de uma experiência corporal, de formas, cores e texturas, que requerem o tato e a participação mais efetiva do que contemplativa do público.
Serviço
Dia: 05 de junho
Horário: 19h
Centro Cultural Solar do Barão
Rua: Pres. Carlos Cavalcanti, 533