São Paulo – Colégio Santa Cruz, São Paulo, início dos anos 1950. Vem dali uma das imagens mais preciosas de "Chico Buarque – O Tempo e o Artista", que começa hoje em São Paulo, no Sesc Pinheiros, com exposição de fotos, documentos manuscritos, shows musicais, filmes baseados em suas obras (Estorvo, Benjamim e Ópera do Malandro) e uma peça de teatro, Os Saltimbancos. Com curadoria de Zeca Buarque Ferreira, sobrinho de Chico, o evento vem do Rio de Janeiro, onde esteve no ano passado por ocasião dos 60 anos do compositor e escritor, traz fotos inéditas e, entre outras curiosidades, um texto de Chico sobre São Paulo, quando recebeu o título de cidadão paulistano em 1967. Nesse texto ele cita composições suas daquele período que são de inspiração paulistana, como A Banda e Pedro Pedreiro.
Fundado por padres canadenses em 1952, o Santa Cruz tem papel importante na formação de Chico. Foi ali que ele escreveu suas primeiras crônicas, no jornal da escola, começou a se destacar no futebol e subiu ao palco para cantar pela primeira vez. Nascido no Rio, Chico veio com a família para São Paulo com apenas 2 anos. Entre 1953 e 1954, os Buarques mudaram-se para a Itália. Dessa época, Chico guardou um bilhete de uma professora, escrito em inglês, em que, além de destacar o lado levado do menino, ela dizia: "Você vai crescer e espero um dia entrar numa livraria e encontrar um livro de F.B. de Holanda". Esse bilhete também está na exposição. Como diz Zeca, não foi à toa que ele despertou nela essa impressão. Naturalmente teve bons motivos.
Grande parte da mostra é dedicada à infância e à adolescência de Chico, quando morou nas ruas Haddock Lobo, Buri e Henrique Schaumann, em São Paulo. A foto dele com os colegas bagunçando a sala de aula é indizível. Os outros conjuntos de fotos são dedicados ao futebol, uma de suas notórias paixões, ao seu envolvimento em questões políticas, especialmente no período do regime militar, a relação com parceiros e intérpretes -como Nara Leão, Gal Costa, Maria Bethânia -, além de seus mestres.
