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Exposição ‘Metaversø’ prova que o uso de tecnologia já é significativo no Brasil

Desde que abriu as portas, no ano passado, o Farol Santander, no Edifício Altino Arantes, no centro de São Paulo, tem reservado o 22º e o 23º andares do prédio para exposições imersivas. Geralmente, são convidados um artista estrangeiro e um brasileiro para expor simultaneamente, cada um em um andar. Para a nova mostra, Metaversø, porém, foram selecionados mais artistas e todos são brasileiros.

A exposição está em cartaz até 15 de setembro e conta com a presença de cinco jovens coletivos e artistas. São eles Bijari, Vigas, Sala 28, AYA Studio, Bloco e Wesley Lee. Cada um foi responsável por produzir uma obra imersiva, que foram instaladas nos dois andares expositivos.

A mostra tem curadoria de Antonio Curti, que pensa o Metaversø, título da exposição, como o espaço onde o mundo virtual se transforma em uma metáfora do mundo real. A ideia é que as instalações imersivas e sensoriais mostrem as relações entre luz, tecnologia e arquitetura como manifestação artística.

“A tecnologia pode ajudar a arte a quebrar certos padrões. Todos estão acostumados com tecnologia hoje, todos temos um celular no bolso”, acredita Curti. “É uma exposição democrática, o público entra e não importa se conhece a história da arte, vai ter uma experiência.”

Os artistas selecionados receberam os seus espaços e um norte definido pela curadoria, se iriam, por exemplo, trabalhar com led, laser ou projeções. Além disso, cada artista preparou, ou encomendou, uma trilha sonora própria para acompanhar cada uma das instalações.

A seleção de artistas foi feita pela curadoria já com base no know-how de cada um em relação às tecnologias. Dessa forma, acabaram-se juntando um coletivo como o Bijari, que já existe há mais de 20 anos em São Paulo, com Sala 28 e AYA Studio, que expõem pela primeira vez seus trabalhos em uma mostra de arte.

Alguns dos artistas já trabalhavam no ramo de design ou produção de grandes eventos com luzes e projeções, como festas e shows. “É preciso pegar essa coisa da festa, dos eventos, e elevar ao estado de arte”, afirma Curti. “É a arte do futuro. Um dos caminhos é a tecnologia, que já é muito explorada no Oriente, mas no Brasil ainda é algo embrionário.” O curador, no entanto, acredita que o País já está preparado para trabalhar com a tecnologia, só falta espaço. “O Brasil sabe fazer, não está atrás.”

As obras

Quem entra pelo 23º andar, depara com um corredor de espelhos e projeções feito pelo catarinense Leandro Mendes, conhecido como Vigas. Intitulada Aparato 10¹º, a obra traz um espaço geométrico espelhado, com duas telas, capaz de multiplicar a imagem do público inúmeras vezes. A ideia, de acordo com o artista, é fazer alusão à teoria de que, neste exato momento, temos cópias de nós mesmos em universos paralelos ao que vivemos.

Ao fundo, no mesmo andar, o Bijari apresenta a obra Horizonte Utópico. A instalação consiste numa “cidade” composta de plantas e luzes, onde os visitantes são gigantes em vias sem automóveis. Ao fundo, a janela permite uma vista aérea de São Paulo. Segundo os artistas, a relação entre a cidade real e a cidade possível faz questionar sobre qual o horizonte que queremos.

Descendo para o 22º andar, a obra que abre o espaço expositivo é Reta-Curva, do Sala 28, que criou um motor próprio para mover uma máquina que faz uma luz de led passar por um espaço que não parece encaixá-la. A ideia, segundo eles, é mostrar que as concepções de história, tempo e espaço estão constantemente sendo desafiadas.

No meio do espaço, está a obra Mementos, parceria do Aya Studio com o artista Bloco. São 45 lasers na sala, com um grande cristal no meio, que faz a reflexão das luzes. De acordo com o curador Curti, o interessante dessa obra é levar ao público o laser, algo que raramente é visto de forma tão próxima – no máximo como efeito em festas.

Por fim, está o Interlúdio, parceria do Aya Studio com Wesley Lee. A obra traz luzes com sensores afiadíssimos, que acendem com a aproximação do público. Mesmo numa sala pequena, as luzes ao lado não acendem quando o visitante passa. Só acendem quando ele está na sua frente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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