Fotos: Felipe Varanda |
O fandango faz parte da vida dos moradores do litoral. Seja em apresentações especiais ou num simples baile na região. continua após a publicidade |
O Espaço Cultural Beto Batata (R. Professor Brandão, 678) recebe a partir de hoje, às 19h, a exposição Amanhece, do fotógrafo Felipe Varanda, com curadoria de Claudia Linhares Sanz, fotógrafa e pesquisadora da Universidade Federal Fluminense. Com quarenta imagens de bailes, instrumentos musicais, personagens fandangueiros do litoral paranaense e paulista, a mostra revela o universo caiçara com seu estilo de vida simples, humilde e único.
A exposição é fruto do trabalho que Varanda realizou durante o projeto Museu Vivo do Fandango da Associação Cultural Caburé, patrocinado pelo programa Petrobras Cultural. Ao todo foram quarenta dias fotografando o cotidiano dos fandangueiros e sua cultura, para o registro em livro e CD para o Museu do Fandango. O fotógrafo percorreu a região litorânea nos municípios paranaenses de Paranaguá, Morretes e Guaraqueçaba, e os paulistas de Cananéia e Iguape. Como Varanda esteve na região por pouco mais de um mês, houve tempo para tirar da experiência uma visão pessoal sobre a vida dessas pessoas que até hoje mantem as mesmas características de suas gerações anteriores.
Segundo Varanda, o projeto tinha um tempo para ser desenvolvido e ele sabia que o momento possibilitava formatar um registro fotográfico com calma e uma produção especial. ?Pude produzir muitas imagens. Em alguns casos tirei com uma Rolleiflex meia dúzia de fotos de cada figura encontrada?, conta. A exposição conta com três ambientes, cada um com uma abordagem particular. Em um deles estão concentrados retratos em formato original tirados pela Rolleiflex e inspirados na intimidade do caiçara. O fotógrafo utiliza a luz natural refletida em janelas, a luz do entardecer e também a luz de lampiões, peça presente no cotidiano fandango.
O título Amanhece referencia o desejo dos fandangueiros de que suas festas durem até o sol raiar. O desejo mostra a sabedoria de um povo que do simples sacia a vontade de viver com muita alegria. Em outra sala a exposição combina as oficinas do caiçara com instrumentos, paisagens, arquitetura e seu modo de vida. Em um terceiro ambiente a mostra é composta por fotografias de bailes fandango que trazem para as imagens a vivacidade e a vibração da tradição fandanga. A exposição fica aberta diariamente até o dia 27 de agosto.
O fandango possui uma origem imprecisa, mas é considerada árabe. Eles teriam o levado para a Espanha e lá foi manifestado na música, dança e canto. Em Portugal ele foi descoberto no fado. No Brasil ele chegou por meio dos colonizadores portugueses que se misturaram com os índios. No Paraná os índios carijós resgataram da lamúria do fato, por intermédios dos colonizadores, e beberam de sua fonte melancólica para dar origem ao fandango praticado atualmente. O projeto Museu Vivo do Fandango foi oficialmente lançado no final de semana passado, em Guaraqueçaba, e contou com o encontro de 28 grupos de fandango, aproximadamente 200 fandangueiros.