Quando a República foi proclamada, em 15 de novembro de 1889, a família imperial partiu para o exílio na França e Áustria, levando na bagagem más e boas recordações do Brasil. Entre as últimas, estavam fotos de família que só agora são exibidas ao público, numa iniciativa do Instituto Moreira Salles (IMS), responsável pela guarda e conservação desse acervo de quase 800 imagens registradas por célebres fotógrafos, entre eles Marc Ferrez, conhecido por suas idílicas paisagens do Rio, e Revert Henry Klumb, que foi professor de fotografia das princesas Isabel e Leopoldina.

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Dessas, 165 fotografias foram selecionadas pelo coordenador de fotografia do IMS, Sergio Burgi, e o príncipe Dom João de Orleans e Bragança, de 56 anos, herdeiro e detentor dessa coleção, além de empresário bem conhecido em Paraty, não só por apoiar iniciativas culturais da cidade como por ter cancelado todos os seus compromissos para prestar ajuda às famílias atingidas pela tragédia das chuvas de janeiro na região serrana do Rio, onde morreram mais de mil pessoas.

Dom Joãozinho, como é conhecido em Paraty, cedeu em comodato ao IMS o belo acervo guardado em sua casa, que tem imagens históricas como a da missa campal em ação de graças pela abolição da escravatura no Brasil, realizada em 17 de maio de 1888 no campo de São Cristóvão, Rio. Nela, é possível ver Isabel em meio a uma multidão de beneficiados pela Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, assinada pela princesa quatro dias antes. A imagem impressiona pela nitidez dos rostos de escravos alforriados que, em primeiro plano, compartilham com senhores de cartola o mesmo território, tendo ao fundo a Redentora. São da princesa Isabel, aliás, as imagens mais marcantes da exposição, que traz registros de descontração incomuns para uma família real, como o da imperatriz Teresa Cristina, sua mãe, fotografada por Revert Henry Klumb no Rio, em 1861, tendo ao fundo duas garotas sapecas escondidas atrás de uma coluna, justamente as princesas Isabel e Leopoldina.

O príncipe de Paraty cita ainda uma foto engraçada da imperatriz Teresa Cristina, de costas, em 1866, feita pelo fotógrafo Joaquim Carneiro. “É uma foto com frente e verso, coladas uma a outra, ousadia que nem o surrealista Dalí teria imaginado”.

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Visionário, o imperador Pedro II introduziu a fotografia no Brasil e fez fotos experimentais com o daguerreótipo, que comprou em 1840, antes mesmo desses aparelhos serem vendidos no Brasil. E incentivou todos os que se dedicaram, como ele, à fotografia.

“Julgamos que essa primeira exposição deveria destacar os retratos porque eles permitem uma leitura mais direta da família imperial, vista por fotógrafos que eram íntimos dela, como Marc Ferrez e Henry Klumb”, diz o curador Sergio Burgi. Agraciado com o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa, Ferrez é um dos destaques da mostra, captando momentos de privacidade nos palácios ou fora deles. Otto Hess é outro nome a ser lembrado, ele que fez talvez a última foto da família imperial antes de partir para o exílio, em 1889. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Retratos do Império e do Exílio – IMS (Rua Piauí, 844). Tel. (011) 3825-2560. 13 h/19 h (sáb. e dom., 13 h/18 h; fecha 2ª). Grátis. Abertura hoje, às 19h30, para convidados.