Exposição destaca 60 anos de carreira de Pierre Cardin

Nos últimos anos, uma série de estilistas de renome se rendeu ao fast fashion, assinando coleções em parceria com lojas de departamento. A tendência, que tomou conta de gigantes internacionais, como H&M, Macy’s, Zara e Topshop, chegou ao Brasil, rendendo, por exemplo, peças da C&A com assinatura de Stella McCartney. O movimento pode parecer inovador, mas em 1959, alguém já enxergava esse mercado. Alheio às críticas, o estilista ítalo-francês Pierre Cardin foi o primeiro nome da alta costura a criar roupas para uma loja de departamento, a Printemps. O pioneirismo de Cardin, aliado ao seus 60 anos de carreira, são o ponto de partida da exposição “Pierre Cardin – Criando Moda Revolucionando Costumes”, que abre na próxima sexta-feira, no shopping Iguatemi, em São Paulo.

No Brasil para divulgar o evento, o estilista, de 88 anos, mostrou toda sua vitalidade na manhã de ontem, durante a coletiva de imprensa. “Eu sou o mais antigo costureiro de Paris e agora, sou o mais velho também”, disse, ao se apresentar. Muito simpático, brincou durante o encontro e falou muito, o que, aliás, dificultou o trabalho do intérprete. Na tentativa de conversar direto com os jornalistas, Pierre, que nasceu na Itália, mas foi aos 2 anos para a França, tentou puxar assunto em italiano. “Quem aqui é descendente de italiano? Tem muito italiano em São Paulo, por isso eu me sinto em casa aqui”, disse.

Incentivado pelos pais para se tornar um arquiteto, Cardin logo abandonou o desenho de edifícios para assumir a criação de roupas. Depois de trabalhar com Elsa Schiaparelli e de se tornar responsável pelo ateliê Christian Dior, fundou sua própria maison em 1950. Reconhecido por vestir a elite, causou comoção ao apresentar o primeiro desfile de prêt-à-porter e a criar uma coleção unissex. “Eu parti da alta costura e passei para o prêt-à-porter. Coma alta costura, eu perdi dinheiro”, explica ele. “Eu sempre fui um pouco socialista, pensava na possibilidade das pessoas comprarem os meus vestidos. Assim, foi o prêt-à-porter o que me permitiu a continuar a fazer a minha criação”, termina ele, cujo nome virou marca de bolsas, relógios, perfumes, móveis, óculos, acessórios e mais.

Com curadoria de Denise Mattar, a exposição reúne 70 looks, criados entre 1952 e 2010 e vindos de Paris, além de fotos, croquis e acessórios. Para exibir a trajetória de Cardin através de seus temas e cores preferidos, o acervo foi dividido em 11 módulos: Cosmocorps, golas, cortes, preto, azul, branco, vermelho, violeta, assimetrias, círculo e homens. Assinado por Guilherme Isnard, o cenário do espaço que recebe a mostra foi inspirado no design de um colar criado pelo estilista em 1971. Além das peças, imagens da produção de Cardin serão projetadas em dois cubos. “Tratei o trabalho de Cardin como o de um artista plástico, juntando peças de 1950 a outras dos anos 2000”, explica a curadora.

Em sua 12ª passagem pelo País, o estilista lembra das visitas mais importantes. “Há 42 anos, participei da inauguração da feira de moda de São Paulo e também estive aqui filmando Joanna Francesa, filme de Cacá Diegues”, diz. Sobre as brasileiras, é só elogios. “São as mulheres mais elegantes do mundo. As sul-americanas são belas. A raça tem uma mistura muito bonita”, afirma ele, que além de ator, acumula funções como embaixador da Unesco, único estilista a fazer parte da Academia de Belas Artes francesa, dono de hotéis, restaurantes e espaços culturais. “O trabalho é o que me traz equilíbrio moral”, garante. As informações são do Jornal da Tarde.

Pierre Cardin – Criando Moda Revolucionando Costumes – Shopping Iguatemi (Av. Brigadeiro Faria Lima, 2232). Tel. (011) 3816-6116. De sexta a 29 de maio. De terça a sábado, das 12h às 21h. Domingo, das 14h às 20h. Grátis. Livre.

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