Jeferson Biela tem 27 anos e muitas histórias para contar. Uma das mais impressionantes ocorreu entre agosto e novembro de 2003, quando ele simplesmente não conseguia dormir. Foram três meses de insônia. Mas ao invés de desesperar-se, Jeferson resolveu tirar proveito da situação. Nesse período começou a produzir o que resultaria na exposição fotográfica Amanhecer.

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Logo nas primeiras semanas sem conseguir dormir, Jeferson teve a idéia de fotografar o amanhecer em diferentes pontos do sul do país. Chegava antes do nascer do sol para posicionar-se, escolher o melhor ângulo e preparar-se para a sessão de fotos. Produziu mais de três mil imagens, em tecnologia analógica e digital, das quais selecionou mil. Trinta delas foram impressas após muitas tentativas. Jeferson fez testes com diferentes tipos de papéis e de impressão até chegar ao resultado que esperava: fazer as fotografias parecerem pinturas.

Com uma moldura que combina com os tons marrons das imagens, as peças já foram expostas em Santa Catarina. Novas mostras estão sendo planejadas para o mês de junho e julho. Por enquanto, os quadros estão expostos na Casa Lilás, no Largo da Ordem.

Jeferson começou a fotografar há 10 anos. Leu muito sobre o assunto, fez cursos e partiu para a prática, considerada por ele a melhor maneira para se aperfeiçoar. Depois de concluir o curso em Eletrotécnica em 1999, colocou uma mochila nas costas com umas poucas mudas de roupa e partiu em direção às praias. O espírito aventureiro, porém, havia revelado-se muito antes, quando ainda morava em Curitiba, estudava e nas horas vagas praticava alpinismo, rapel e costumava acampar. Nessa época, acompanhado de um primo, Jeferson foi de bicicleta de Curitiba até União da Vitória, cidade localizada na divisa do Paraná com Santa Catarina e onde ele nasceu. Foram três dias de viagem.

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Na aventura iniciada após a formatura, de carona em carona, ele percorreu os litorais paranaense e catarinense. Até o dia em que durante uma dessas caronas, conseguiu também um emprego. Instalou-se em Florianópolis e passou a cuidar da manutenção geral de um banco, viajando por todas as cidades catarinenses onde existisse uma filial. Conheceu quase todo o Estado – "e sendo pago para isso". Com o primeiro salário, fez o curso de pára-quedismo e foi matar a vontade de saltar de pára-quedas. 

Passados três anos, Jeferson cansou e resolveu dar um tempo no trabalho. "Tudo aconteceu ao mesmo tempo, muitas mudanças, preocupações, ansiedade, precisava tomar as decisões certas… Tudo isso acabou resultando na perda do sono", observa Jeferson.

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A experiência não foi das melhores, mas ele soube driblar os problemas e tirar proveito da situação que não tinha como mudar. Decidiu não tomar remédios e melhorou naturalmente. O período mais crítico durou três meses, mas levou ainda mais algum tempo para voltar ao normal e conseguir dormir novamente.

Durante a época de insônia, Jeferson estabeleceu metas. Como avalia, tinha muitos planos e acabava não colocando nenhum em prática. Decidiu então começar o curso de Publicidade e Propaganda, escreveu um livro e seguiu fotografando.

Atualmente, estuda, trabalha na divulgação da exposição Amanhecer, corre de kart e prepara-se para um nova aventura: durante as próximas férias de Verão, planeja viajar pela América do Sul de moto, visitando Argentina, Chile, Peru e Venezuela. Fotografando sempre. Desta vez, porém, o foco será o entardecer.

Serviço
Casa Lilás: até 31 de maio, na Rua Dr. Claudino, 90 – Largo da Ordem
De terça à sexta das 10h até 19:30h; sábado e domingo das 10h até 14h
Informações: 3324-9755