Nem tudo na SP-Foto – que vai até domingo, 25, no Shopping JK Iguatemi – é fotografia “comum”: câmeras, impressão, exposição. Na feira, o conceito de fotografia expandida ganha atenção com a presença de obras de artistas que fogem dos formatos convencionais de elaboração, produção e apresentação das imagens para ganhar o espaço e explorar formas tridimensionais. É o caso de Deborah Engel, Alexandre Mazza e Jaques Faing, entre outros.
Nascida em Palo Alto, EUA, mas no Brasil desde 1977, ano do seu nascimento, Deborah trabalha com fotografia expandida desde o início da carreira – primeiro com negativos, quando por um processo químico tratava as silhuetas e a elas aplicava máscaras de madeira, e depois mergulhando no trabalho de perspectiva. Na feira, a artista apresenta obras como Pauliceia (a colagem acima), já num processo de captura e tratamento digital e, mais tarde, de recortes físicos, com estilete, cola, régua, sobre mesa de vidro. “Assim, utilizo outros materiais para criar esse efeito tridimensional. É o que mais me interessa: o fazer é até mais interessante do que o resultado, porque é ele que leva para outros caminhos”, explica
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“Expandir” a imagem é para ela, portanto, necessidade. “Nunca fui fotógrafa no sentido Cartier Bresson. A fotografia se torna mais interessante para mim sendo experimental. Na geração em que estamos, do excesso de fotografias, para mim é mais interessante trabalhar dessa forma.” Uma individual de outros de seus trabalhos está até o dia 31 na Portas Vilaseca Galeria, no Rio.
Para Alexandre Mazza, por outro lado, os trabalhos na SP-Foto, inéditos, são videoinstalações, partindo da imagem de água e de cachoeiras. Uma televisão projeta a imagem de uma queda dágua, que parece perfurar o chão. A ilusão de ótica é gerada com espelhos posicionados ao redor da imagem e dá a sensação de que a água escorre por um buraco no chão.
“Não sou super tecnológico”, afirma. “Trabalho com câmera, película ou digital, e televisões, é o máximo da tecnologia que eu uso. O resto é 100% física. Não trato imagem, não uso programas, são imagens cruas.”
Para ele, trazer o espectador para uma experiência pessoal com o trabalho é importante. “Um espectador de frente à obra, nos museus principalmente, não tem uma explicação. Minha busca é não só visual, mas também por experiência. Acredito que quanto mais ele se sente envolvido, mais vai se emocionar. Transcender com o vídeo ou com a ilusão de ótica traz justamente mais para dentro da experiência e para a parte visual.”
Jaques Faing apresenta na feira a obra Eye-Dada (também reproduzida acima), em que manipula três vetores: fotografia, pintura e o que chama de caráter de situação (“o comportamento alterável destas estruturas visuais por eventual manipulação”). O processo de composição, para ele, é também de descoberta. “O trabalho pode me responder também quem eu sou. Mesmo não sabendo para onde vai, quero estar operando, fazendo, e assim me respondendo – ou não.”.
13ª SP-FOTO
Shopping JK Iguatemi. Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 2.041. 5ª a sáb., 14h/21h. Dom., 14h/20h. Grátis. Até 25/8
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.