Foi uma abertura tranquila. Depois de anos em que a primeira noite do Festival de Inverno de Campos do Jordão se tornou palco de disputas políticas entre maestros, orquestras e governo, o clima no Auditório Claudio Santoro no sábado foi ameno. A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) abriu a 41.º edição de evento. Este ano, o tema do festival é o diálogo entre épocas, estilos e gêneros. A primeira semana do festival continua hoje com a Orquestra Experimental de Repertório em um programa Mahler, com a Sinfonia n.º 1 e canções do ciclo Des Knaben Wunderhorn.
Amanhã, o Quarteto Arditti faz interessante imersão pelo repertório contemporâneo, que também foi tema do concerto de segunda-feira da Camerata Aberta. Na quinta, sobe pela primeira vez ao palco o duo Antonio Meneses/Maria João Pires. Mais Mahler na sexta com a OSB interpretando a Sinfonia n.º 3. E, no sábado, Nelson Freire de volta, com o Concerto n.º 2 de Brahms.
No sábado, a Osesp fez a estreia de O Livro dos Sons, de Rodolfo Coelho de Souza. A obra parte das possibilidades sonoras da kalimba, instrumento de origem africana típico do período colonial, retrabalhadas pela orquestra e por inserções eletrônicas, propondo a busca por novos sons a partir de uma redefinição da própria técnica. O programa da orquestra tinha ainda a Sinfonia nº 7, de Dvorak, e o Concerto para Flauta, de Carl Reinecke.
No domingo, o primeiro concerto, na Praça do Capivari, uniu os músicos da Sinfônica Jovem do Estado, comandados por João Maurício Galindo, e o violonista Fábio Zanon. A surpresa foi a Serenata de Castelnuovo Tedesco, para violão e orquestra, com Zanon em posse de um virtuosismo que não sacrifica em momento algum a musicalidade, em especial no difícil terceiro movimento, Quase Scherzo, que vai desaguar na bem-humorada marcha com que a obra se encerra.
À tarde, mais uma orquestra, agora a Sinfônica de Sergipe. O grupo ganhou espaço nos últimos dois anos, desde que o maestro Guilherme Mannis devolveu a Aracaju uma programação regular de concertos – e que a pianista Maria João Pires começou a falar na instituição, por lá, de um projeto de formação musical nos moldes de seu célebre centro de ensino em Belgais. Eles tocaram em Campos o Romance de Dvorak e as Árias Ciganas de Sarasate, com solos de Daniel Guedes; a Sinfonia n.º 3 Renana, de Schumann; e a Toccata Amazônica, pastiche minimalista do brasileiro Dimitri Cervo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.