Margarita Wasserman

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Isto aconteceu lá pelos anos de 1950. Não lembro exatamente o ano… Eu, uma dona de casa muito jovem, com duas crianças pequenas, morava em uma casa perto da Casa do Expedicionário.

Àquele tempo, apesar de já existirem agências de empregadas domésticas, era tranqüilo empregar moças que procuravam trabalho, batendo de porta em porta.

Certo dia, pela manhã, uma ?candidata? bateu à minha porta, conversamos e aparentemente chegamos a um entendimento… Almoçamos, a louça foi lavada nas bacias e, em seguida, pedi a ela para lavar as janelas. Percebi que a nova empregada usava uma das bacias da louça, para fazer a limpeza das janelas e persianas! ?Não, a bacia para limpeza da casa é aquela outra.? Falei e escutei muito espantada que ela ia ?fazer queixa? contra a minha pessoa. Não me preocupei, já imaginando que eu teria que despedi-la. Ela saiu, e, horas depois, voltou acompanhada de um policial civil.

Perguntei a razão e ela reclamou: ?Você não sabe nada e quer me dar ordens…? e encaminhou-se para recomeçar a trabalhar. Só então o policial entendeu que a tal jovem ?não batia muito bem da cabeça?. Quando ele fez menção de se retirar pedi para aguardar enquanto ela arrumava seus pertences, depois, saíram os dois envergonhados…

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Passado muito tempo entendi que ela havia OUVIDO falar nas leis trabalhistas, só que não entendia COMO estas leis funcionavam!

Margarita Wasserman, escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.