Excesso de interferências nas transmissões de futebol da Globo

Nervos de aço. É disso que o telespectador precisa para acompanhar os jogos do campeonato brasileiro pela Globo. Não que a competição esteja particularmente emocionante. Mas porque o alto índice de interferência durante a transmissão dos jogos testa a paciência de qualquer um. A todo custo, a emissora tenta transformar os jogos do Brasileirão num show de variedades sobre futebol, repleto de efeitos especiais, flashes da torcida e inserções na tela.

A idéia é manter o telespectador a par de tudo que acontece no campeonato e, mais importante, economizar preciosos minutos que podem muito bem ser financiados por patrocinadores. Resultado: números, dados, perguntas de internautas, propagandas e estatísticas poluem a tela. É tanta intervenção na transmissão que, por vezes, o jogo propriamente dito acaba relegado a segundo plano.

 No primeiro tempo dos jogos, a Globo limita-se a noticiar os gols marcados pelos outros times através de uma pancada sonora que acompanha uma bolinha prateada no canto inferior do vídeo. O gol, na íntegra, a emissora deixa para mostrar no "Show do Intervalo". Mas, no segundo tempo, a situação torna-se insustentável. Como não há mais intervalos depois do jogo e o Domingão do Faustão entra rápido para não deixar a audiência fugir, a exibição do jogo é interrompida para mostrar os gols dos demais jogos. Ávido para não perder nenhum lance, o telespectador tem de ter jogo de cintura suficiente para aturar as indesejadas bolinhas com escudos dos times que ameaçam o jogo a que está assistindo.

 Chega num ponto em que o incauto que está vendo seu time jogar torce para que não haja gols nos outros jogos realizados no mesmo momento. Se houver goleadas, então, é insuportável. Mesmo com a Globo "determinando" que "seu" campeonato não tenha mais de quatro jogos ao mesmo tempo, há casos de segundos tempos com seguidas interrupções. Foi o que aconteceu durante a partida Vasco e Juventude, exibida no domingo, dia 15. O segundo tempo daquele jogo foi interrompido nada menos que oito vezes, o que dá uma média de uma interrupção a cada cinco minutos. O locutor já nem sabia ao certo se transmitia a partida ou se mostrava os gols dos outros jogos. A certa altura, Luiz Roberto chegou a dizer: "Assim que a bola sair, a gente mostra o gol…". Isso, vale ressaltar, quando a emissora espera a bola sair. Não são raras as vezes em que são mostrados os gols dos outros jogos com a bola rolando.

 Mas há também outros tipos de interferência nas transmissões futebolísticas da Globo. Uma delas diz respeito às inúmeras "janelas" que se abrem com os números do jogo. Entre outros dados, a emissora contabiliza de cabeçadas a gol e faltas cometidas a passes errados e finalizações. É bom lembrar que essas informações entram, quer sejam interessantes ou não. Isso sem falar nos reclames dos patrocinadores, que não só poluem a tela, como interrompem o áudio.

 Mas nada é tão maçante quanto a falsa sensação de que o público também participa das transmissões futebolísticas da Globo. Como? Mandando beijos e abraços em folhas de cartolina. Na falta do que mostrar, os cinegrafistas registram moças bonitas, casais de namorados, pais e filhos, famílias inteiras, enfim, enquanto os locutores discursam sobre a erradicação da violência no futebol. Mas agora o cameraman e o diretor de corte têm de ficar atentos para não deixar passar mensagens de contrabando, pouco lisonjeiras com a emissora. Como a de um torcedor flagrado pela câmara da Globo segurando um cartaz com a frase: "Galvão, Vá Lamber Sabão!".

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