Patrícia Poeta anda "mexendo seus pauzinhos" em Nova Iorque. Há três anos como correspondente do escritório da Globo em Manhattan, a gaúcha que começou na emissora como garota do tempo não se contentou em apresentar o Planeta Brasil,  programa voltado ao público brasileiro que reside nos Estados Unidos. Como sempre, planejou trabalhar na área de entretenimento no jornalismo, insistiu com a diretoria da emissora para ampliar sua atuação como correspondente. E conseguiu emplacar matérias culturais e de comportamento para diversos programas da emissora, como Vídeo Show, Altas Horas e Mais Você, por exemplo. "Nova Iorque é uma esquina com o mundo. Um lugar incrível para fazer estas pautas com assuntos para os mais variados interesses", valoriza.

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Casada com Amauri Soares, diretor da Globo Nova Iorque e da produção Planeta Brasil, Patrícia não tem previsão de quando volta definitivamente para o Brasil com a família. Na verdade, a jornalista de 29 anos parece nem fazer planos de retornar tão cedo. Nas horas vagas do último ano, fez pós-graduação em Cinema e já está de olho nas novidades da emissora para tentar a apresentação de futuros reality- shows da Globo. "Já ganhei meu ‘upgrade’ como imigrante. Deixei de simplesmente morar em Nova Iorque para realmente viver aqui", avalia.

P – Que dificuldades um jornalista brasileiro enfrenta ao fazer matérias nos Estados Unidos?

R – Nas coberturas de grandes acontecimentos internacionais a prioridade é de acordo com a importância política e econômica do país que você representa. Nós, latinos, ficamos sempre do meio para o fim da fila. Em coletivas, é preciso atenção ao traduzir uma expressão ou palavra que pode alterar o que o entrevistado fala. Também é preciso jogo de cintura para incluir nessas entrevistas temas que interessem aos brasileiros, não só aos americanos. Em compensação, quando você diz que é do Brasil, sempre ganha um sorriso, uma acolhida simpática.

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P – Qual a pior experiência até agora?

R – Enfrentar a fúria de assessores de políticos e de celebridades de Hollywood. Eles não admitem que você pergunte algo que não foi combinado numa entrevista ou simplesmente que você faça perguntas demais.

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P – Você acha que o público brasileiro residente nos Estados Unidos tem interesses diferentes do público que mora no Brasil?

R – O brasileiro leva seu jeito de ser para qualquer lugar do mundo. O público da Globo no exterior gosta dos dois aspectos: da programação da Globo do Brasil, mas também precisa de uma programação voltada para o imigrante, como o Planeta Brasil. Ele presta serviço e retrata a vida do brasileiro que mora lá.

P – Como você concilia ou separa casamento e vida profissional, tão intimamente ligadas?

R – Só um jornalista para entender outro jornalista. A começar pela vida prática: não temos horários convencionais, damos plantão no final de semana, na virada do ano. Até nosso filho Felipe, de três anos, já sabe. Quando trabalhávamos em São Paulo fizemos um pacto para separar trabalho de vida pessoal. Conseguimos por dois anos. Nossa rotina é tomar café juntos. Depois levamos o Felipe até a escola às nove horas e aí cada um vai para seu lado. Só nos reencontramos à noite e fazemos algum programa em família.

P – No escritório de Nova Iorque, o volume de trabalho é maior para um reduzido número de profissionais. Como tem sido esta experiência?

R – Antes de vir para cá eu apresentava um telejornal local, o SPTV. Falávamos de buracos nas ruas, serviços urbanos. Aqui é completamente diferente. Somos uma espécie de agência de notícias, que atende a todos os telejornais e à Globonews. Em assuntos, somos uma clínica geral. Cobrimos política, cultura, economia e temos de ser auto-suficientes: produzir, editar e gravar. Trabalhar em outro país é a melhor escola porque conhecemos outra cultura por dentro e observamos nosso país de fora.