“Tem muito filme de zumbi no mundo”, diz o diretor Marc Forster, que fez o problemático (para ele) Guerra Mundial Z, ao jornal O Estado de S. Paulo, em Los Angeles. Seu novo projeto é praticamente um antídoto: Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível, em cartaz no Brasil, traz de volta personagens adorados como Pooh, Tigrão, Leitão e Bisonho. “Pooh é emoção, esperança, alegria, as coisas que são importantes na vida e que estão faltando por aí.” O Christopher Robin do título é o filho de A.A. Milne, o criador do Ursinho Pooh, que transformou o então menino em personagem de suas histórias.
No filme, Christopher é um homem de meia-idade vivido por Ewan McGregor, que só trabalha e falha em passar férias com a mulher, Evelyn (Hayley Atwell), e a filha, Madeline (Bronte Carmichael), como havia prometido. Mas Christopher é “resgatado” por seu velho amigo, quando Pooh aparece em Londres e acaba levando seu antigo dono a uma aventura no Bosque dos Cem Acres com o resto da turma.
McGregor acha que o longa-metragem chega em hora apropriada por outras razões. “Ele é um ursinho bobo e velho bem sábio. Atualmente, é raro passarmos um dia sem fazer nada, como quando éramos crianças – eu saía com meus amigos de manhã e voltava à noite. Não tenho ideia do que fazia nesse tempo todo, mas era divertido”, diz. “Hoje, mesmo que passemos um dia sem fazer nada, não é um fazer nada criativo”, afirma.
O ator conta que finalmente aprendeu a tirar folga. “Não trabalhei este ano pela primeira vez na minha carreira. E gostei. Mas levei 47 anos para chegar aqui.” Para Hayley Atwell (Capitão América – O Primeiro Vingador), o lançamento do filme neste momento não poderia ser mais apropriado. “Estamos numa época acelerada, de estarmos sempre ligados, sempre engajados nas mídias sociais, e Pooh não é assim. Ao ler o roteiro, me senti como criança, quando você tem a habilidade de se conectar, as amizades são importantes, você se permite fazer nada.” A atriz inglesa conta que era impossível ter um mau dia no set. “A atmosfera era calorosa e adorável. Meu cachorro podia ir e achava estar participando do filme.”
Marc Forster, que lia os livros de Milne quando era criança, quis voltar às origens e apresentar os personagens a muita gente que não os conhece. “Voltei aos desenhos originais. Normalmente personagens mudam ao longo de uma história. Mas esses personagens nunca mudam. Eles permanecem os mesmos. Quem muda é Christopher Robin. E todos temos um Leitão, um Pooh, em nossas vidas.” Segundo o cineasta, o visual dos personagens foi aprovado imediatamente, mas sua concepção teve desafios. “Meu escritório no estúdio era coberto de tecidos e desenhos de Pooh, que precisamos traduzir para o formato digital. Era difícil que parecessem reais. Queria bichos de pelúcia que pareciam usados, que crianças tinham brincado e abraçado. Porque eles eram como cobertores quentinhos que me davam um conforto quando eu era pequeno.”
Na filmagem, o elenco teve a ajuda de outros jovens atores, que interpretavam Pooh e sua turma no set, manipulando bonecos de várias versões – desde a completa até uma sem pelo, cabeça ou membros. “Colocaram o Pooh num mastro, então o ator podia movimentá-lo. Ele fazia o Pooh andar, de acordo com a velocidade que Pooh andaria – tão devagar!”, reclamou, bem-humorado, McGregor. “Ele movimentava a cabeça, estava na tomada, sendo digitalmente apagado depois. Mas me dava a chance de fazer a cena de verdade.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.