“Hoje”, escreveu Evandro Affonso Ferreira em um depoimento ao jornal O Estado de S.Paulo recentemente, “sigo dentro do possível o princípio do nada em excesso”. E exatamente nesta terça-feira, 14, às 20 h, ele é o convidado do projeto Sempre Um Papo, no Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141, Vila Mariana, São Paulo). O evento, do gestor cultural Afonso Borges, leva escritores ao palco do Sesc para discutir literatura e falar sobre suas obras mais recentes: no caso, Ferreira também lança Os Piores Dias da Minha Vida Foram Todos, seu romance mais recente editado pela Record.

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“Trata-se de notável arremate da trilogia iniciada com Minha Mãe se Matou sem Dizer Adeus, em que o autor atinge o ápice de suas realizações estilísticas”, escreve na contra capa do livro Marcelo Laier, “uma prosa poética de despontuação elíptica, inventividade vocabular, epítetos originais e precisos epigramas”.

Mineiro de Araxá, Evandro Affonso Ferreira conclui com este o tríptico que também conta com O Mendigo que Sabia de Cor os Adágios de Erasmo de Rotterdam – livro vencedor prêmio Jabuti de melhor romance em 2013. “A vidinha do escritor é tão lerda, a gente vende tão pouco, é uma choradeira, e um prêmio é sempre um tapinha nas costas”, disse, em entrevista na época do anúncio.

Prêmios não são um terreno estranho para o escritor. O livro anterior, Minha Mãe se Matou sem Dizer Adeus, de 2010 – inspirado no ano que Ferreira passou vivendo na observação em um shopping de Higienópolis (bairro paulistano) – venceu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e foi finalista do São Paulo.

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Habitante da capital paulista desde os seus 18 anos (hoje ele tem 69 anos – e 47 leitores, como costuma brincar), trabalhou por duas décadas com publicidade, fez tentativas seguidas de ganhar a vida vendendo livros (dos outros) até que publicou, em 1996, Bombons Recheados de Cicuta, livro renegado pelo autor. É de 2000 Grogotó!, que começa a definir seu estilo pessoal (inventividade lexical e certa simpatia pelo hermético) já a partir do título, e desde então são outros sete livros.

A exigência do escritor é também compartilhada nas suas leituras. No depoimento ao jornal O Estado de S.Paulo em fins de 2013, contou um causo que fala por si: “Uma vez fui para casa meio grogue – um pouco por causa da bebida, mas principalmente por causa de uma frase que me contaram: ‘Ou Deus salva o mundo ou não salva ninguém. Não quero a salvação dele’. Sim: Ivan Karamazov. Hoje, leio-releio Bruno Schulz, Herberto Helder, Hermann Broch, Robert Musil”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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