Quando não se esperavam por mais respostas, Caetano Veloso primeiro falou: “Eu quero dizer a todos que dizem ‘Israel, não’: Palestina, sim. ‘Israel, não’ é empobrecedor”, disse durante seu show na Virada Cultural de São Paulo, na noite de domingo, 21. E, depois, escreveu.

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Caetano Veloso e Gilberto Gil receberam uma carta do ex-Pink Floyd Roger Waters, pedindo que eles cancelassem o show marcado para Tel-Aviv, em 28 de julho. O primeiro baiano havia feito silêncio, o segundo, não. Ao Estado, Gil respondeu há duas semanas que iria a Tel-Aviv “cantar para um Israel palestino”, dizendo que não via razões para boicotar o show e que, por outras três vezes, recebeu pedidos similares às vésperas de se apresentar em Israel. Depois disso, o bispo Desmond Tutu, que já ganhou música de Gil (Oração pela Libertação da África do Sul), entrou no coro de Waters e reforçou o pedido. Para ele, os brasileiros não deveriam pisar no território de um primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que segue promovendo a política das ocupações dos territórios árabes.

Caetano agora resolveu responder, e escreveu uma carta ao roqueiro, divulgada na terça-feira, 23, pelo jornal O Globo, que diz assim: “Eu preciso lhe dizer como meu coração é fortemente contra a posição de direita arrogante do governo israelense. Eu odeio a política de ocupação, as decisões desumanas que Israel tomou naquilo que Netanyahu nos diz ser sua autodefesa. E acho que a maioria dos israelenses que se interessam por nossa música tende a reagir de forma similar à política de seu país”.

Caetano segue no tom de Gil, reforçando que o maior manifesto talvez seja ir até a terra do inimigo, tomando cuidado para lembrar que o povo israelense não simboliza necessariamente a política de Israel.

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“Eu cantei nos Estados Unidos durante o governo Bush e isso não significava que eu aprovasse a invasão do Iraque. Escrevi e gravei uma música que se opunha à política que levou à prisão de Guantánamo – e a cantei em Nova York e Los Angeles. Eu quero aprender mais sobre o que está acontecendo em Israel, agora. Eu nunca cancelaria um show para dizer que sou basicamente contra um país, a não ser que eu estivesse realmente e de todo o meu coração contra ele. O que não é o caso. Eu me lembro que Israel foi um lugar de esperança. Sartre e Simone de Beauvoir morreram pró-Israel.”

O músico baiano fechou assim sua resposta: “Netanyahu não ganhou fácil a última eleição. Acho que o fato de eu cantar lá é neutro para a política do país, mas, se minhas canções, voz ou mera presença puderem ajudar os israelenses que não concordam com a opressão e a injustiça – em uma palavra, a se sentirem mais longe de votar em alguém como ele -, eu estarei feliz”.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.