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‘Eu me sentia desamparado na televisão’

Quando editava a série Dois Irmãos, Luiz Fernando Carvalho comentava com os colegas: “Esse trabalho será o meu Réquiem”. Sua insatisfação com a Globo (e vice-versa) atingira o limite. “A emissora estava equivocada por não entender o valor de um processo”, diz ele, que não aceitava mais a forma gerencial que regia seu centro de trabalho, construído dentro do Projac. “Eu era obrigado a atender aos interesses de diversos departamentos, mesmo que isso contrariasse a forma como eu queria trabalhar”, lembra Carvalho, lembrando de um desentendimento: em Meu Pedacinho de Chão, ele queria que a cidade fosse construída de lata, enquanto o departamento cenográfico insistia em madeira.

No Galpão que hoje ocupa, aliado à Academia de Cinema, Carvalho exercita sua criação da forma que considera correta: horizontalmente e não com hierarquias. “Aqui, o processo é colaborativo e executado por atores e não atores de diversas partes do País, diferentes credos e raças. Aqui, pensamos o Brasil como um território multicultural, que conta tanto com refugiados como paulistanos. Por isso, não há ninguém que não possa aprender algo com alguém.”

Livre do desamparo que sentia na televisão, Carvalho alterna, na semana, os ensaios para os dois longas, que serão rodados no próximo ano e finalizados em 2019. “Encontrei, na Paris Filmes e na Academia de Cinema, a independência artística para trabalhar no meu tempo, sem a obrigação de ter o longa pronto para determinado festival.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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