Faz tempo que nada de novo aparece nos programas infantis da tevê. Eles continuam restritos ao universo dos desenhos animados, dos apresentadores e do ?cirquinho? no estúdio, fórmula tão antiga quanto a própria televisão. E que é infatigavelmente repetida em TV Xuxa, da Globo, e no Bom dia e cia, do SBT. Por isso Chaves continua sendo uma opção.
Quando os dinossauros caminhavam sobre a Terra, já existiam programas infantis. Entre os mais antigos, estão O Sítio do Picapau Amarelo, Gurilândia, O clube do Capitão Furacão e Capitão Aza. O primeiro marca a estréia do gênero na tevê brasileira, em 1952, na Tupi. Em 1955, é a vez da Gurilândia. Dez anos depois, O Clube do Capitão Furacão chegou na Globo. Tinha como assistente de palco uma grumete chamada Elisângela, mais tarde atriz de novelas da emissora. Capitão Aza com seu capacete e óculos de piloto de jato estreou no ano seguinte na Tupi, para concorrer com seu rival da Marinha.
As décadas de 70 e de 80 foram especialmente criativas, com várias tentativas de se criar programas infantis com novos formatos, como Vila Sésamo, versão brasileira do original americano criado em 1969. Com um elenco com grandes atores e os ótimos bonecos de Jim Henson, mais tarde inventor dos Muppets, o programa foi exibido de 1972 a 1976. O Globinho mostrou-se igualmente inovador, como um informativo para crianças aos cuidados da jornalista Paula Saldanha. Outro programa que conquistou razoável público e inúmeros prêmios foi O Castelo Rá-Tim-Bum, de 1986, e que permanece no ar.
Mas nenhum outro infantil teve o impacto e o sucesso do Xou da Xuxa, que surpreendeu telespectadores de todas as idades ao entrar no ar em 1986. No lugar do tom meramente didático de programas anteriores, o ?Xou? promovia um espetáculo eletrizante, com dezenas de ?sexies? e incansáveis assistentes de palco em um cenário cintilante. A edição do programa se aproximava muito mais de um musical do que da tediosa câmara estática dos infantis do passado.
No centro de tudo, estava Maria da Graça Meneghel, uma ex-manequim considerada símbolo sexual desde que ?namorou? Pelé. Até 1993, o programa da Xuxa alcançava inimagináveis 20 pontos de ibope no horário da manhã. E transformou em sucesso todos os produtos de merchandising associados à apresentadora. TV Xuxa, seu atual veículo, fica 10 pontos abaixo e, cada vez mais, é atropelado pelas reprises de Chaves, criação do ator, diretor e escritor mexicano Roberto Gomés Bolaños.
Com 36 anos de idade, Chaves permanece encantando crianças e adultos graças aos ótimos atores, tipos simples e engraçados e a genial criação de Bolaños. Desde 1981 está no ar no Brasil e continua a fazer sucesso em toda a América Latina e Estados Unidos. O personagem faz parte da mais popular tradição de ?clowns? palhaços com grande expressão corporal e um tempo perfeito para as piadas. Sem comparações, é da mesma estirpe de um Chaplin, um Cantinflas ou um Renato Aragão. Em alguns episódios de Chapolim, Bolaños desenvolve roteiros com um humor alucinante, que lhe deram o apelido de ?Chespirito?, ou ?Pequeno Shakespeare?. O diminutivo tem razão de ser. O grande ator tem apenas 1,60 m de altura.
