Estudantes aprendem matemática com o jogo das tarefas

Recordo que nos anos 60 e 70, décadas em que cursei o Primário, Ginásio e Normal, a disciplina de matemática era odiada pela maioria dos colegas. Esta repugnância, talvez, se justificasse pela falta de criatividade dos professores, embora competentes. Os recursos usados eram limitados: a fala do educador, o giz, a lousa e nada mais. Na atualidade, a matemática continua incomodando vários estudantes, porém alguns professores mudaram sua prática para facilitar o interesse e o aprendizado do estudante.

A prática de Helani D. C. Jordão, professora de matemática (5ª.a 8ª.as séries do ensino fundamental) do Colégio Estadual Ângela Sandri Teixeira, em Almirante Tamandaré, é o exemplo da transformação na arte de ensinar. Por intermédio do jogo das tarefas, os discentes aprendem brincando e concorrem a prêmios. O jogo é executado em três momentos.

No primeiro momento, a professora solicita aos alunos para que completem um quadro atividade para a memorização da tabuada; depois distribui as cartelas e os marcadores, que são confeccionados com cartolina ou papel-cartaz e lembram formas ou figuras geométricas.

No segundo momento, a professora especifica os conteúdos (memorização da tabuada, expressões numéricas, raiz quadrada, entre outros) que serão resolvidos no decorrer do jogo.

Paola Maria Lovato, presidenta do Rotaract.

No terceiro momento, a professora ordena o jogo e solicita alguns conteúdos da disciplina para que os discentes os resolvam em seus papéis, rascunhos ou no caderno. Em seguida os alunos deverão marcar os resultados das tarefas na cartela. O primeiro estudante que obtiver quatro ou cinco pontos (marcados na cartela), ergue a mão e diz: jogo das tarefas pronto. A educadora confere a cartela junto com os alunos e é concluído o primeiro jogo.

Após cada jogada, a professora premia o vencedor. O prêmio poderá ser um lápis, uma borracha, uma régua ou um caderno. Detalhe: dependendo do conteúdo trabalhado, da compreensão e do retorno dado pelos estudantes poderão ocorrer cinco rodadas da brincadeira.

A professora Helani disse que a inspiração para a criação e desenvolvimento do jogo das tarefas surgiu quando lia a revista Nova Escola (setembro de 1998, n.º 115, p. 23). Aliás, esta revista é uma opção inteligente não só para professores de matemática, mas também para educadores de outras disciplinas. Anote o site da revista:

P. S. No dia 3 de julho de 2006, assumiu a presidência do Rotaract Club de Almirante Tamandaré Centro, Paola Maria Lovato, 24 anos, professora de Educação Física. Competente e dinâmica, Paola falou que o Rotaract Club (um dos programas do Rotary International) é uma organização de âmbito internacional de jovens, entre 18 e 30 anos, que tem por objetivo a promoção da melhora da qualidade de vida da comunidade local e mundial. Problemas relacionados à violência, à fome, ao descaso com a saúde, entre outros, são debatidos e atividades são desenvolvidas para que essas mazelas sejam atenuadas. Parabéns à Paola e à nova equipe administrativa do Rotaract.

Projeto Folhas

Logotipo do Projeto Folhas.

Em 15 de novembro de 2004, fiz menção ao Projeto Folhas neste caderno. Naquela oportunidade, o Projeto, que era incipiente, prometia revolucionar a prática dos educadores. Hoje é incontestável o sucesso. O Projeto Folhas tem em vista a formação continuada, conforme explica o manual:

?Objetiva viabilizar meios para que os professores da rede pública estadual do paraná pesquisem e aprimorem seus conhecimentos, produzindo, de forma colaborativa, textos de conteúdos pedagógicos, com base nas Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental e/ou Médio e seus conteúdos estruturantes nas disciplinas de cada nível de ensino, a saber: Língua Portuguesa/Literatura, Matemática, Física, Química, Biologia, Ciências, Educação Física, Arte, Educação Artística, Língua Estrangeira Moderna (Inglês/Espanhol), Geografia, História, Sociologia, Filosofia, Ensino Religioso?.

Além de o Projeto Folhas ser produzido pelos professores, será manuseado pelos estudantes, pois fará parte dos conteúdos do livro didático das escolas públicas paranaenses. Mas para o sucesso e implementação do projeto é oportuno frisar que o mesmo é validado em três instâncias, ou seja, pela escola, pelo núcleo regional de ensino e pela Secretaria de Estado da Educação (Seed). Inclusive, entre os dias 5 e 7 de junho do ano corrente, ocorreu o Primeiro Seminário de Validação do Folhas, nas dependências do Colégio Estadual do Paraná (abertura do encontro) e Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter) (capacitação dos professores).

Na abertura do Seminário, Yvelise de Freitas Souza Arco-Verde, da Superintendência da Educação, lembrou que ?antes existiam os planos de aulas (tecnicistas), o professor era um instrutor. (…) O Projeto Folhas deu certo, pois o processo de validação comprova isto. (…) O Projeto Folhas está tendo repercussão em outros estados. A produção passa a ser valorizada?.

A produção dos professores segue obrigatoriamente cinco especificações: problema inicial, desenvolvimento teórico disciplinar e contemporâneo, desenvolvimento teórico interdisciplinar, propostas de atividades (distribuídas ao longo de todo o desenvolvimento) e referências bibliográficas. Exemplos disso são os trabalhos das colegas Amarilda de Cácia Gulin, professora de Matemática, e Marta Mara Favero, professora de Química.

O conteúdo desenvolvido por Gulin é O valor (custo) de um pingo de água, no qual é apresentado o problema: Com tanta água por aí, ela pode mesmo acabar? Como calcular para não desperdiçar? Quanto custa cada pingo que cai da torneira? Estas perguntas deverão ser respondidas pelos discentes no decorrer da leitura. A educadora estimula os estudantes para a solução da questão, a partir do aproveitamento de parte da letra da música Planeta água, interpretada por Guilherme Arantes, até exercícios com conta/fatura de água.

Já Favero apresenta o conteúdo Do laboratório ao cotidiano, com a pergunta: Se a Química faz parte do contexto diário onde e quando faço uso dela? No decorrer do Folhas, a professora aponta os benefícios e os malefícios do desenvolvimento científico e tecnológico, e incita nos estudantes o senso crítico, com o intuito da manutenção e preservação da vida.

Jorge Antonio de Queiroz e Silva é palestrante, historiador, pesquisador, professor.
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. queirozhistoria@terra.com.br

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