“Lovely Bones”. Adoráveis Ossos. Talvez o título original de “Um Olhar do Paraíso” mais complique que explique do que trata esse filme estranho, mas encantador. Como ossos poderiam ser algo adorável? “Talvez em se pensando que a garota Susie Salmon (a jovem diva Saoirse Rona), que no primeiro minuto do filme deixa claro: ‘Fui assassinada aos 14 anos, em 6 de dezembro de 1973.’ E que, apesar de ter sofrido um crime brutal, é capaz de manter sua doçura e de perdoar seu algoz”, respondeu Peter Jackson ao jornal O Estado de S. Paulo durante a maratona de lançamento que o filme percorreu no fim do ano passado.
Não é de surpreender que um nome como Jackson esteja à frente do projeto de levar para o cinema o livro de Alice Sebold. Mais que o recurso do ‘narrador morto’, a autora foi capaz de reconstruir a psique de uma adolescente e narrar seu processo de amadurecimento post morten. E poucos diretores conseguem se comunicar tão bem com o público adolescente quanto Jackson.
“Um Olhar do Paraíso” é – assim como os ossos que estruturam a vida da família de Susie (e que podem desmoronar feito os ossos da garota) – estranhamente adorável. Estranho porque revela visualmente a dor de uma garota cuja vida foi interrompida de forma brutal.
Adorável porque revela também visualmente o ‘céu intermediário’ em que Susie se encontra depois de ter sido assassinada por um serial killer (o impecável Stanley Tucci, que concorre ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante).
Enquanto tem de encarar a dor de sua própria morte e a da perda que sua família sofre, ela tenta se comunicar com o pai (Mark Wahlaberg, que faz par com Rachel Weisz, a mãe) e ajudá-lo a vingar sua morte.
Neste ínterim, passeia ‘quase’ feliz em um lugar perfeito que, mais do que a imagem de qualquer céu religioso, é a imagem melhorada de desejos e paisagens que Susie já viu teve e viu em vida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.