Alguns metidos a críticos de cinema têm alardeado por aí que “Tudo Pode Dar Certo” é um filme ‘menor’ de Woody Allen. É o tipo de comentário de quem quer ser mais real do que o rei, ou seja, mais Woody do que o próprio Woody. Bobagem pura. O 44º longa-metragem do cineasta é um Woody Allen puro sangue, como há tempos ele não realizava.

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Antes de tudo, porque, depois de quatro longas rodados na Europa, Allen está de volta a Nova York, cidade que tão bem apresentou numa de suas obras-primas: “Manhattan” (1979) – ele fez 37 outros longas tendo a cidade como cenário. Depois, porque o diretor ataca com comédia ligeira, baseada nos seus cortantes diálogos. Falta Allen em cena? Falta. Mas ele está bem representado por Larry David, o criador das séries “Seinfeld” e “Curb Your Enthusiasm”.

Mas vamos à história: Boris Yellnikoff (Larry David), físico que quase ganhou o prêmio Nobel e fracassou numa tentativa de suicídio, ganha a vida ensinando crianças a jogar xadrez. Mas ele não tem lá muita paciência e costuma ofender as crianças. Trata-se de um personagem amargurado com a vida e que, basicamente, despreza a raça humana (ele diz, por exemplo, que o cristianismo e o socialismo eram bons no papel, mas falharam porque cometeram o erro de acreditar que o homem era essencialmente decente).

Mas, uma noite, enquanto volta ao seu apartamento, ele depara com Melodia St. Ann Celestine (a belíssima Evan Rachel Wood). A garota, que está perdida em NY, pede para ficar no apê de Boris ao menos por uma noite. O que acontece depois é previsível. Allen não apela, e Boris não vai se tornar um homem melhor porque está apaixonado pela ninfeta caipira.

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Esse fiozinho de história faz com que Woody Allen desfile suas melhores piadas, principalmente aquelas que só um judeu pode fazer (como uma em que o personagem principal diz que todos os pais responsáveis deveriam levar seus filhos para passar férias em campos de concentração). O filme foi rodado em 2008, no auge da crise econômica que abalou o mundo e principalmente os EUA. Com “Tudo Pode dar Certo”, Allen parece tentar difundir uma espécie de otimismo sem histeria. Um otimismo com inteligência. As informações são do Jornal da Tarde.