Estreia ‘Para Minha Amada Morta’ venceu o Festival de Brasília do ano passado

Nascido no interior da Bahia, Aly Muritiba mudou-se para São Paulo para cursar História e, depois, para Curitiba, com a intenção de seguir mais dois cursos – Comunicação e Cultura e Cinema e TV. No processo, foi muito marcado por sua experiência como agente numa penitenciária. Fez filmes como Pátio, que passou em Cannes, e A Gente. Em 2013, ganhou o prêmio Global Filmmaking no Sundance Festival pelo roteiro de O Homem Que Matou a Minha Amada Morta. Com o título de Para Minha Amada Morta, o filme estreia nesta quinta, 31, na cidade, depois de vencer o Festival de Brasília do ano passado.

Melhor seria dizer – depois de dividir os principais prêmios com Big Jato, de Cláudio Assis. Big Jato venceu melhor filme, ator e atriz (Matheus Nachtergaele e Marcélia Cartaxo), melhor roteiro (Hilton Lacerda) e trilha (DJ Dolores). Para Minha Amada Morta ganhou os Candangos de direção, ator e atriz coadjuvantes (Lourinelson Vladmir e Giuly Biancato), direção de arte (Monica Palazzo), fotografia (Pablo Baião) e montagem (João Menna Barreto).

De cara, Para Minha Amada Morta define a situação básica – a mulher de Fernando Alves Pinto morreu, ele atravessa seu período de luto. É um homem, digamos, feminino. Fetichista, toca as roupas da companheira, suas joias e sapatos. Olha, interminavelmente, os mesmos vídeos domésticos da companheira. De repente, o choque. Descobre um vídeo erótico e uma outra face, que desconhecia, da mulher. Parte para a vingança. O que seria a força de Para Minha Amada Morta, como filme de ação e suspense, se revela sua fraqueza. Fernando Alves Pinto, que faz o protagonista – Fernando, como ele -, não é um ator de tempos fortes. Por temperamento, fica mais à vontade criando personagens vacilantes.

Muritiba faz um esforço heroico para realçar a virilidade do ator. Mostra-o sem camisa, fumando obsessivamente, manuseando arma, pá. Durante todo o tempo, o espectador fica na expectativa do que não vem – a ação. Descoberto o ex-amante da mulher, Fernando o cerca com martelo, pá, ferro. A mulher, antes que o marido, percebe a intenção – “Por que você está fazendo isso conosco?”, pergunta. O espectador poderia repetir a pergunta. Fernando, o personagem, não gera empatia. É muito chato – o personagem, não o ator. Nem o filme, embora se ressinta disso. O voo de Muritiba pela ficção não vale seus admiráveis documentários. Mas a influência do universo carcerário, que tanto o atrai, está presente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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