Pense em Platão e talvez lhe venha uma associação, “O Banquete”. A vida pode ser comparada a um banquete do qual, vamos pensar socialmente, muita gente foi excluída. Domingos Oliveira reza na cartilha platônica – “Não admito que ninguém diga que levou uma vida melhor que a minha.”
Esta é uma sexta-feira especial – para ele, para o cinema brasileiro, para os cinéfilos dispostos a se surpreender com a simplicidade, a profundidade e a inteligência. Estreiam dois novos filmes do ator, roteirista, diretor e homem do mundo. Primeiro “Dia de Um Ano Qualquer” e “Paixão e Acaso”. O repórter encontra-se com Domingos na casa dele, no Leblon. No alto da estante, na sala, um monte de troféus. Kikitos, uma Coruja de Ouro.
“Vai ser um minilançamento porque a gente não tem dinheiro para publicidade”, Domingos conta. E pede – “Me ajuda a divulgar.” Mais exatamente – “Me ajuda a romper esse segredo.”Passar imperceptível em São Paulo ele considera um vexame. “Não apenas para mim, mas para o cinema brasileiro.”
Domingos, de 77 anos – nasceu em 1936 -, irrompeu no cinema brasileiro em 1967 com um filme que, na época, virou fenômeno. “Todas as Mulheres do Mundo”, com Paulo José e a mítica Leila Diniz.
O Cinema Novo, que ditava as cartas, era essencialmente político, queria ser revolucionário e vinha aquele Domingos falar de classe média e de sentimentos. Colaram-lhe (quem? Todo mundo) a etiqueta – alienado. “Logo eu, que sempre fui político, não a política partidária, mas engajado nas grandes questões.” A maior de todas, a existencial. Muito jovem, Domingos leu Albert Camus. Ficou marcado pela questão do suicídio. “Quem não se ocupa da morte é um ignorante. Pior – um idiota.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.