“Salve Geral” chega aos cinemas brasileiros hoje, mas a cabeça do diretor Sérgio Rezende já está em Los Angeles (EUA), onde terá briga muito além da concorrência dos cartazes de outros filmes daqui: a luta por uma vaga entre os cinco finalistas que disputarão o Oscar de melhor estrangeiro em 2010, um prêmio inédito para o Brasil.
Ao ser escolhido para ir a Los Angeles, o drama de uma mãe que vê o filho ser preso em meio ao conturbado cenário de um dia de ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo superou histórias como “Budapeste”, de Walter Carvalho; “Feliz Natal”, de Selton Mello; “O Contador de histórias”, de Luiz Villaça; “Jean Charles”, de Henrique Goldman; e “A Festa da Menina Morta”, de Matheus Nachtergaele.
Ainda que o episódio narrado pelo filme tenha lhe dado holofotes antes de sua estreia, diretor e produção sabem que, para o Oscar, devem partir do zero. “É como prestar um dificílimo vestibular”, diz Rezende. “Uma competição brutal.”
Que o diga um dos poucos colegas que já passou por isso, Fábio Barreto. Até ver seu “Quatrilho” perder na noite de gala em 1996, o cineasta batalhou muito com o filme nos EUA. “Agora tem que esperar o filme ser visto pelo comitê. São uns 200 críticos. É a eles que o filme precisa agradar”, diz Barreto, que destaca a agenda curta até a decisão dos finalistas, em fevereiro do ano que vem. “Não há muitos festivais internacionais importantes para ir, isso dificulta. E é claro que existe um lobby muito grande para a escolha”, diz o diretor, um dos defensores de “Salve Geral” na escolhe entre os brasileiros. “Foi uma maneira inteligente de falar de um grande problema que aflige nosso país.” Segundo ele, a violência urbana que domina o filme não deve pesar contra.
Rezende não esconde que, desde o anúncio da escolha de seu filme, sua rotina foi pelos ares. A primeira tarefa agora é exibir o longa fora do País. “Sei que a própria Academia promove sessões, mas não sei exatamente como isso funciona, afinal, sou marinheiro de primeira viagem”, brinca o diretor, que já pensa em artimanhas. “Sei que dá para enviar DVDs para alguns lugares também, preciso descobrir como.”