Em sua última aparição na TV, na novela “América” (2005), Lúcia Veríssimo, 51 anos, começou a se inquietar com as intermináveis gravações de rodeio que tomavam conta de suas madrugadas. Incentivada por colegas de elenco Rafael Calomeni e Gabriela Duarte, resolveu então escrever uma peça. Quase cinco anos depois e saída de uma fase em que passou a se considerar “uma atriz medíocre”, Lúcia mudou suas prioridades, encerrou seu contrato com a Globo no começo do ano passado e canalizou todas as energias em “Usufruto”, espetáculo que chega hoje ao Teatro Faap, em São Paulo, para uma temporada até 1º de abril.

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“Invisto na TV desde 1978. Agora, quis fazer o caminho inverso e me dedicar ao teatro. O ator só se alimenta do palco. Quando estou me apresentando e sinto aquele contato imediato, penso por que fiquei tanto tempo longe.”

A ideia de escrever um espetáculo, embora tenha ganhado força e tomado forma durante “América”, era um desejo que Lúcia acalentava com o diretor José Possi Neto há algum tempo. “Estávamos querendo fazer um trabalho juntos, mas não achávamos um texto.” A dupla chegou a encomendar uma história, mas não demorou para que eles chegassem a uma conclusão. “Seria difícil encontrar alguém que falasse o que estava, na verdade, dentro de mim.”

Na trama, dirigida por Possi, Lúcia encarna uma cinquentona debochada que tem um encontro inesperado com um arquiteto promissor de 30 e poucos anos em um apartamento à venda. “Como os dois estão interessados na compra do imóvel, ela propõe um jogo da verdade a ele. A partir daí, passam a discutir sobre vários conceitos.”

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Com sarcasmo, diálogos rápidos e sensuais, a dupla fala de amor, ética e paixão, entre outros temas, para traçar, nas palavras da atriz, “os rumos que a sociedade tomou”. Para se confrontar com a personagem de Lúcia entra em cena o ator carioca Raphael Viana. Enquanto Lúcia encarna uma mulher sintonizada com as mudanças do mundo, o ator vive um rapaz que acredita em velhos conceitos. “Minha personagem quebra todas as certezas dele.” No desfecho, um final inesperado promete quebrar também as certezas do espectadores.

Em cartaz às quartas e quintas-feiras, “Usufruto” fará uma turnê paralela enquanto estiver abrigada no Teatro Faap. Aos fins de semana, o espetáculo viajará pelo Brasil. “Sou muito aventureira e inquieta. Quero mambembear”, fala a artista. Para que o desejo da atriz se tornasse viável, duas equipes e dois cenários estarão em constante movimento. “Usufruto” deve fazer uma passagem por Portugal no segundo semestre. As informações são do Jornal da Tarde.

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