Em 2008, Luiz Fernando de Carvalho se apaixonou por uma mulher alta, de corpo esbelto, íntima de Machado de Assis e centenária nas prateleiras. O nome dela era Capitu. O envolvimento com ela durou até o ano passado. Mas aqueles olhos de ressaca não saíram da cabeça do diretor. Afinal, por que ela agia daquela maneira?, questionava-se. Numa busca de respostas para o comportamento dissimulado da moça e de todos os seres humanos, Freud cruzou o seu caminho com outra questão: “Afinal, o que querem as mulheres?” Carvalho ainda não sabe, mas pretende fazer com que o público encontre uma resposta a partir de hoje, na microssérie da Globo, com seis episódios, batizada com o nome da questão freudiana. A produção irá ao ar toda quinta-feira, às 23h30.
O jovem escritor e psicólogo André Newmann (Michel Melamed), é quem sai em busca da resposta. E em meio a uma tese de doutorado sobre o tema, ele se aventura em sex shops e salões de beleza. Para ele, vale tudo para entender a essência da alma feminina. O orientador psicanalista Dr. Klein, vivido por Osmar Prado, lhe ajuda a organizar as ideias, mas o estudo de André é tão profundo que ele se vê soterrado pelos desejos femininos. Um problema para seu casamento com a artista plástica Lívia (Paola Oliveira).
Carvalho é quem desenha, passo a passo, com o diretor, o cenário da loucura freudiana. No set, a luz é baixa e os atores escutam uma música para relaxar antes da prova do figurino. Na mão, Carvalho carrega somente uma câmera. “A minha trajetória é muito solitária, com tudo de bom e ruim que essa palavra possa ter junto dela”, diz.
Para o diretor, o mercado, na sua grande maioria, só prestigia as consagrações imediatas. “E eu estou sempre buscando caminhos novos, por isso, solitários.” Mas é por querer inovar – o que fez na minissérie “Os Maias” (2001) e nas microsséries “Hoje é Dia de Maria” (2005) e “Capitu” (2008) – que o diretor coleciona uma lista de atores que sonham trabalhar com ele.
Entre eles, estava Paola Oliveira. “Queria provar uma coisa nova na TV”, diz a atriz, acostumada a atuar em novelas das 18h. A última foi “Cama de Gato” (2009), em que fez a vilã Verônica. Carvalho lhe deu a chance de mudar. Ela entrou de cabeça no projeto. Tanto que chegou a gravar por dez horas seguidas.
Colegas de elenco, Letícia Sabatella e Letícia Spiller tiveram aulas de canto. Osmar Prado relembrou dos tempos em que fez análise. Maria Fernanda Cândido conversou com amigos psicólogos. E até o roteirista João Paulo Cuenca circulou na noite carioca observando as conversas da mulherada. O resultado? Um texto cheio de “clichês de amor” e mulheres de personalidade: da ‘lolita’ (personagem de Bruna Linzmeyer), passando pela descolada que usa dread (vivida por Letícia Spiller), à intelectual interpretada por Maria Fernanda, que afronta a postura machista de Freud. As informações são do Jornal da Tarde.