O público se acomoda nas poltronas. Os atores caminham pelo tablado. A impressão é de desordem, de que as cortinas não irão se abrir. Mas as luzes se apagam. No canto esquerdo do cenário, a diretora, munida de um microfone, vira elemento do espetáculo. O roteiro deslancha, mas ela interrompe a peça e chama, por número, a cena que deseja. Daí em diante, ficção e a realidade se confrontam em “Corte Seco”, e os atores Eduardo Moscovis e Marjorie Estiano improvisam no palco do Sesc Consolação, em São Paulo. A obra da Cia Vértice de Teatro estreia hoje, às 21h, e encerra a trilogia da diretora Christiane Jatahy iniciada com “Conjugado” (2004) e “A Falta que nos Move” (2005).

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Na primeira etapa, Christiane mostrou a dificuldade do ser humano de se relacionar. Na continuidade, expôs os convívios familiares. Agora, em “Corte Seco”, faz um mosaico das obras anteriores e, por meio de cortes, entra para o espetáculo. “Cada dia é uma nova estreia. Eu não escolho onde vou cortá-los”, explica a diretora.

Com o subsídio de três televisores e cadeiras nomeadas com os verbos ‘narrar’, ‘interiorizar’ e ‘descrever’, o espetáculo ganha ritmo e os atores percorrem o palco, o camarim e a porta de saída da casa de show. Quando da mesa de direção Chris grita ‘cena 5’, por exemplo, Eduardo Moscovis e a atriz Manoela Sawitzki começam a discutir o casamento. A jovem corre para o camarim e tudo é exibido pelos televisores. Manoela sobe as escadas do teatro e em frente à casa a discussão do casal continua e é exibida à plateia.

Dentro do teatro Chris continua e chama ‘cena 2’. Não demora, a voz doce escolhe ‘cena 4’. Os atores da cena 2 ficam congelados e aguardam pelo retorno. “Ela interrompe e suspende a cena. No cinema é assim, a gente segura a emoção, às vezes, para retornar uma hora depois”, compara Eduardo Moscovis. As informações são do Jornal da Tarde.

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